quinta-feira, novembro 22

Brincar no quintal
HOT FUZZ, de Edgar Wright



Edgar Wright e Simon Pegg voltam com um projecto colaborativo. Um realiza e co-escreve, o outro protagoniza e co-escreve. Foi assim na série de TV "Spaced", e foi assim em SHAUN OF THE DEAD.

Com HOT FUZZ, Wright traz-nos de novo um exercício de homenagem a géneros cinematográficos. Não estamos aqui a falar de paródia, apesar de HOT FUZZ ser também uma comédia. Edgar Wright tem aquele tipo de amor pelos arquétipos do cinema mainstream que se encontra por exemplo em Quentin Tarantino. Lamentavelmente, Wright ainda não está bem ao nível de Tarantino no que toca à alquimia de criar algo novo a partir de elementos velhos.

Diria até que o realizador britânico foi mais bem sucedido em criar o seu próprio filme em SHAUN OF THE DEAD do que com este mais recente trabalho. SHAUN homenageia com devoção os filmes de zobies, e traz-lhes a profundidade que raras vezes tiveram com o aspecto da comédia de relações.

HOT FUZZ está em desvantagem pois os seus afectos estão relacionados a dois géneros muito frios, os dos filmes de acção e dos filmes slasher. Edgar Wright parece ter um método de chef, e com a mistura de ingredientes que aqui usou pouco mais se poderia esperar do que um filme divertido e técnicamente muito competente.

Nada a dizer de Simon Pegg, que já se tinha revelado muito antes e que aqui confirma a sua capacidade de um dia entrar num British Hall of Comedic Fame. Nick Frost está à altura de Pegg, mas brilha pouco. Os actores secundários todos cumprem aquilo que lhes é pedido, mas será sempre digna de realçar a performance de Timothy Dalton: algo inedito nestes contextos, e absolutamente delicioso como um proto-vilão-Bond.

De resto, e apesar da relativa frieza de tom, o afecto do cineasta pelos géneros que aborda está presente. E, sem isso, seria apenas mais uma sátira.


Vão vê-lo com: pessoas que ainda vejam o The Office americano.

1 comentário:

Luis Pitta (r) disse...

Já tinha visto este filme, e achei-o desconcertante! Vale a pena por isso e se calhar por muito mais...