quarta-feira, janeiro 9

CHARLIE WILSON'S WAR, de Mike Nichols
Os assentos baratos


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CHARLIE WILSON'S WAR teve o azar de ser anotado como um dos principais concorrentes aos Óscares. Nada que interfira com o produto acabado, mas a etiqueta de filme de prestígio (muito mais por hábito do que por credibilidade da Academia) gerou atenção e expectativas à volta do filme. Foi mesmo azar, porque já sem estes acrescidos dificelmente o filme seria aceite.

Mike Nichols criou aqui um aquário: os eventos parecem distantes e os personagens pouco têm de humano. Tal como acontece com um aquário, sentimo-nos atraídos pela languidez e pelo arrefecimento emocional, ficando embasbacados a olhar para os peixinhos. Será a virtude que o filme tem, a de nos conseguir prender apesar da fraca qualidade. De qualquer maneira, os ataques a CHARLIE WILSON'S WAR não soam naturais, pois temos a ilusão de que estamos a ter uma reacção mais violenta do que aquela que os criadores tiveram no momento da criação.

Valerá talvez a pena destacar Phillip Seymour Hoffman, que conseguiu dentro deste filme manter o seu cadastro perfeito como actor de suporte. O seu personagem tem uma familiaridade incrível, embora quase de certeza não conheçamos alguém assim. Também é justo dizer que o actor retira proveito de ser a única personagem tridimensional em todo o filme. Quanto à história, essa é uma hiper-simplificação das actividades da CIA no Afeganistão durante a Guerra Fria, centrando-se nos esforços de um senador pelo nome de Charlie Wilson. Os afegãos fazem-se representar por um trio de figurantes, e os comunistas nem vê-los.

Se neste inverno precisarem de um sítio seco e escuro onde descansar durante duas horas, a ver algo que não ofenda nem mova... mesmo assim talvez não valha a pena ir ver este filme.

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