quinta-feira, janeiro 31

Estreias 31 Janeiro



Estreias

INTO THE WILD, de Sean Penn
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Baseado no livro de Jon Krakauer, que por sua vez foi baseado na história de um jovem que decidiu abandonar a civilização e ir viver na natureza, e mais tarde acabou por morrer à fome. Estreia apenas em Lisboa, esta semana. O resto do país é selvagem.

SWEENEY TODD: THE DEMON BARBER OF FLEET STREET, de Tim Burton
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Johnny Depp é aqui um conde de Montecristo mais negro e vingativo. Baseado na peça de Barry Sondheim.

ASTÉRIX AUX JEUX OLYMPIQUES, de Frédéric Forestier e Thomas Langmann
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Por Toutatis, mais uma bastardização da grande banda desenhada de Goscinny e Uderzo. O céu fica um pouco mais próximo da nossa cabeça.


Já em exibição

3:10 TO YUMA, de James Mangold
[Ler crítica]
Um remake algo inferior ao original, mas ainda assim bastante desfrutável.

CLOVERFIELD, de Matt Reeves
[Ler crítica]
O princípio do regresso dos monster movies? Espera-se que sim!

DAQUI P'RÁ FRENTE, de Catarina Ruivo
[Ler crítica]
Um filme que é um produto pessoal. A história de uma dona de casa fascinada com a política, e um polícia desiludido com o mundo.

CASSANDRA'S DREAM
[Ler crítica]
Woody Allen aqui em muito melhor forma do que em SCOOP, mas não tão boa quanto MATCHPOINT.

Vencedores Sundance '08
O vale encantado dos independentes



Documentários

Grand Jury Prize - TROUBLE THE WATER, realizado pela rapper Tia Lessin e Carl Deal. São as filmagens do casal e da sua luta pela sobrevivência em new Orleans durante as cheias resultantes da passagem do furacão Katrina.

Audience Award - FIELDS OF FUEL, realizado por Josh Tickell. Um olhar sobre a dependência do petróleo na América. Ao volante da sua carrinha ecológica, Tickell vai confrontar os interesses económicos por trás do petróleo.


Ficção

Grand Jury Prize - FROZEN RIVER, realizado por Courtney Hunt. A história de como uma dona de casa e d euma jovem índia Mohawk se juntam para trazer imigrantes para os Estados Unidos através do Canadá.

Audience Award - THE WACKNESS, realizado por Jonathan Levine. Durante um verão Nova-Iorquino nos anos 90, um jovem recorre às sessões de um velho psicólogo, pagando-lhe com marijuana. Entretanto, apaixona-se pela filha do psicólogo.

3:10 TO YUMA, de James Mangold
Pouca terra, pouco céu


IMDb | O Comboio das 3 e 10

Não é fácil ganhar: ou um remake traz algo de novo, e sofre a sempre injusta comparação com o filme que veio antes, ou então segue o mesmo caminho do predecessor e é acusado de não trazer nada de novo. Mesmo que haja um bom equilíbrio entre a inovação e o repensamento, vai sempre estar lá o dedo que acusa de falta de originalidade.
Há cinquenta anos atrás (!) 3:10 TO YUMA foi um western, em certa medida derivado do brilhante HIGH NOON (1952), que não tinha nada de particularmente notável mas que tinha uma trama simples e directa, e um personagem muito bem conseguido no papel interpretado por Glenn Ford.

Esta revisão de James Mangold traz-nos um filme com mais caracterizações (para o melhor e para o pior) e com um ritmo muito mais acelerado. Christian Bale é Dan Evans, um agricultor perto da ruína que está à espera de um milagre. O seu problema não é o de acreditar ou não no milagre, mas o de conseguir dinheiro para manter o seu rancho até este chegar. Quando uma milícia local consegue capturar o célebre bandido Ben Wade (Russell Crowe, com um digno esforço que não chega a alcançar o élan de Glenn Ford), Evans vê aqui uma oportunidade não só para conseguir o dinheiro que precisa, como para recuperar o respeito do seu filho mais velho, que tal como o resto da cidade o considera um falhado.

O primeiro acto de 3:10 TO YUMA desvia-se muito pouco do original, excepto no que toca aos bandidos: Ben Wade é agora atormentado por uma espécie de maldição cristã que não faz nenhum tipo de sentido (e felizmente é abandonada antes do fim do filme), e o seu braço direito, interpretado com regozijo bidimensional por Ben Foster, é um seu fã submisso que representa o lado negro que Wade no fundo deseja não ter.

A principal diferença entre este remake e o original é encapsulada na sequência do primeiro assalto à caleche. Onde antes apenas testemunhávamos um assalto cordial onde a violência proveio do descuido, aqui somos sujeitos a uma cena de acção exagerada e frenética que pouco tem a ver com o propósito intimista do filme. Este tipo de adrenalinterlúdios vão surgindo ao longo da duração do filme, soando mais a intromissões do que a marcadores de ritmo.

Mas, até aqui, nenhum cirme excepcional. De facto, este remake era bastante tolerável e conseguia manter a temática do original apesar da acção acrescida que apesar de desligada dos personagens é benvinda e divertida. O problema principal deste 3:10 TO YUMA é mesmo o final. Sem querer revelar, nem comparar com o original (também o final era o seu ponto algo fraco), Mangold optou por se distanciar do final de 1957 e adicionar uma conclusão inesperada e totalmente injustificável.

3:10 TO YUMA será o menos bem conseguido da recente fornada de projectos de revivalismo do western, mas continua a ser um filme fácil de desfrutar.

sábado, janeiro 26

CLOVERFIELD, de Matt Reeves
A tradução de kaiju


IMDb | Nome de Código: Cloverfield

E no princípio, houve o marketing viral. Depois da estreia da teaser nos Estados Unidos para o então "01-18-08" à frente de TRANSFORMERS, houve uma profusão de sites-puzzle que davam a entender que nos iam esclarecer do que se tratava este "projecto desconhecido de JJ Abrams" se resolvessemos uma série de enigmas que pareciam não levar a lado nenhum. Agora que o filme já estreou, sabe-se que nem um terço daqueles sites estava de facto associado ao filme. Azar para quem perdeu tempo naquilo.

E depois de se falar em Lovecraft, e de se falar em Godzilla, agora sabemos de que trata Cloverfield: é a gravação feita por alguns cidadãos de New York durante o ataque à cidade de um monstro gigante. O filme abre com um breve interface que nos informa que o que quer que se passou já parece resolvido, que o que vamos ver é uma gravação oportuna feita por civis, e que tudo irá acabar no Central Park.

Daí saltamos logo para a gravação no cartão de memória da mais milagrosa câmara de filmar de sempre (falha de bateria? memória insuficiente? danos físicos? tudo coisas do passado). O que a gravação nos mostra é um grupo de jovens que querem registar a festa de despedida de Rob, que vai para o Japão para o seu emprego de sonho. Durante cerca de meia-hora é-nos desenhado um cenário de personagens principais e secundários e das relações que estes têm entre si, de uma forma mais ou menos disfarçada.

Por mais prevenidos que estivéssemos, é uma surpresa quando o ataque começa, e o filme entra num ritmo constante daí até ao final: vamos seguir um pequeno grupo dos jovens da festa no seu caminho através de Manhattan (e com alguns encontros com as criaturas) até ao apartamento da amantizada de Rob.

Uma vez mais será necessário ignorar a falácia de um dos jovens escolher filmar todo o seu progresso (técnicamente esta personagem é o realizador do filme!), mesmo quando se encontram entre uma criatura gigante e o exército. Mas, para dizer a verdade, não é necessária tanta suspensão de descrença como quando vemos, por exemplo, um filme Godzilla (a porcaria Hollywood de 1997 não conta).

CLOVERFIELD é um excelente thriller, é preciso que se diga. Vendo para além dos truques, estamos na presença de um filme kaiju simulado quase até à perfeição, e que se atreve a quase não mostrar o monstro em questão (não se preocupem, temos um ou dois olhares bem longos ao seu desenho). Tal como em BLAIR WITCH PROJECT, de maneira a criar uma atmosfera de medo à volta de uma ameaça quase invisível, o filme terá de se apoiar nos actores e no desenho de som. Tal como em BLAIR WITCH PROJECT, o primeiro é insatisfatório mas o segundo é brilhante.

Em suma, CLOVERFIELD recomenda-se. Mas a verdade é que não vai perder muito com a transferência para o "cinema em casa". Por último uma pequena palavra para as inevitáveis comparações com os ataques de 11 de Setembro: treta. O filme de facto vai buscar imagens a esse evento para melhor transmitir a ideia de uma catástrofe completamente inesperada, mas não tenta sequer ter algo a dizer sobre os ataques terroristas. O facto da ameaça nunca ter sido erradicada seria um bom argumento a favor de uma teoria da analogia... mas a verdade é que soa mais ao conceito de venda do filme do que outra coisa.

DAQUI P'RÁ FRENTE, de Catarina Ruivo
A solidão faz a força?


IMDb

DAQUI P'RÁ FRENTE é a história de Dora e António, respectivamente uma esteticista que passa as noites em reuniões de um pequeno partido de esquerda (EsqUerda?) e um polícia da capital a mãos com uma crise meia idade. Dora descarrega a sua criatividade e frustrações com o emprego na sua actividade partidária, desafiando a todo o momento a liderança de um sub-utlizado Luís Miguel Cintra. António está à espera de algo novo e melhor, mas que ainda não sabe o que é, e parece culpar a esposa por essa insatisfação, já que ele pouco a vê.

O retrato da capital segundo estes dois personagens está bem conseguido, sendo um marasmo cansado e usado de rotina para Dora e uma escuridão impessoal para António. Adelaide de Sousa tem mais sucesso a apresentar-nos o seu personagem, visto que este se traduz mais em acções do que um António perdido no espaço e no tempo.

O problema com DAQUI P'RÁ FRENTE é mesmo o de Catarina Ruivo concentrar em si a escrita do argumento, a realização e a montagem. A colaboração e diálogo entre estes três criativos fulcrais do acto cinematográfico é célebre pelos prejuízos que costuma trazer aos filmes, nomeadamente quando acontece cada um dos destes actores estar a levar o projecto numa direcção diferente. O que não é tão discutido é que esta colaboração também é o que torna o cinema uma forma de arte tão comunicativa, uma meio de comunicação tão artístico. Se houver mais do que um actor entre estes três departamentos, vão estar a compensar as fraquezas uns dos outros, ou a potenciar o ponto forte de cada um.

Ao ser escrito, realizado, e montado pela mesma pessoa, este filme ganha contornos de piada privada. As motivações dos personagens principais estão-nos ocultas, talvez por serem demasiado óbvias para a realizadora/argumentista/editora. Ou talvez porque a argumentista/editora/realizadora se viu obrigada a fazer escolhas sem a constante assistência de alguém com um ponto de vista diferente.

O que acaba por acontecer é que com DAQUI P'RÁ FRENTE nunca nos sentimos mais do que audiência, nunca somos recompensados como esperamos pela nossa abstracção ou pela nossa atenção ao detalhe.

De resto, o filme merecia uma melhor e mais ponderada banda sonora. Mais destaque para algumas das personagens secundárias. E, sem dúvida, um teste de tensão criativa.

quinta-feira, janeiro 24

Estreias 24 Janeiro



Estreias

3:10 TO YUMA, de James Mangold
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Christian Bale é um agricultor com a tarefa de levar um criminoso (Russell Crowe) capturado pela milícia até a uma cidade maior, recorrendo ao comboio das 3 e 10 para Yuma. Remake do western de 1957.

THE DARJEELING LIMITED, de Wes Anderson
[Ver Trailer] [IMDb]
No mais recente filme de Wes Anderson, três irmãos embarcam numa viagem de auto-descoberta pela Índia.

CLOVERFIELD, de Matt Reeves
[Ver Trailer] [IMDb]
Depois do bombardeamento exaustivo de nu-marketing, chega o monster movie com a bênção de JJ. Seguimos o POV de um grupo de jovens que é apanhado num ataque animal à cidade de Nova Iorque.

DAQUI P'RA FRENTE, de Catarina Ruivo
[Site Oficial]
A segunda longa de Catarina Ruivo é um filme que se debruça sobre as dificuldades de mudar a nossa maneira de viver.


Já em exibição

CASSANDRA'S DREAM, de Woody Allen
[Ler crítica]

THE ASSASSINATION OF JESSE JAMES..., de Andrew Dominik
[Ler crítica]

CHARLIE WILSON'S WAR, de Mike Nichols
[Ler crítica]

quarta-feira, janeiro 23

RIP - Heath Ledger 1979-2008



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Actualização: Bem, parece que THE IMAGINARIUM OF DOCTOR PARNASSUS vai mesmo ao fundo. As pessoas ligadas ao projecto que estavam à espera que as filmagens em Vancouver começassem foram despedidas. Neste momento há um braço-de-ferro entre os criativos e os investidores para poder dar uso às filmagens de Londres (que incluem o enforcamento do personagem de Ledger), mas estas bobines devem ir para à mesma pilha de THE MAN WHO KILLED DON QUIXOTE.
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O actor australiano Heath Ledger foi encontrado morto na sua casa ao fim da tarde de hoje, com suícidio como causa provável. Apesar de começar a carreira como um heartthrob para adolescentes, o actor veio a ter uma carreira mais sóbria a partir da sua participação em MONSTER'S BALL (2001), sendo outro marco BROKEBACK MOUNTAIN (2005). A sua carreira provavelmente não foi suficientemente longa para cumprir a promessa de um óptimo actor.

Em termos práticos, a sua prestação em I'M NOT THERE como Robbie Clark (a iteração Dylan mais pessoal e menos musical) será o seu último trabalho completo. O seu trabalho como Joker (agora tão eterno como o de Jack Nicholson, de uma maneira ou de outra) em THE DARK KNIGHT já estava técnicamente completo, com apenas alguma gravação de voz em falta. Contudo, não há garantias que ainda não fossem necessárias novas gravações d einserts.

Mais azar teve Terry Gilliam, que não vai poder utilizar o trabalho já realizado por Ledger, mas incompleto, no seu THE IMAGINARIUM OF DOCTOR PARNASSUS.

Durante a cerimónia dos Óscares, Ledger vai estar a competir injustamente por palmas ao lado de nomes como Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni.

terça-feira, janeiro 22

Nomeados para os Óscares da Academia



Já foram anunciados os nomeados para os Óscares de 2008. Muitos filmes que ainda não estrearam em salas portuguesas, remetendo-nos para apostas às cegas.

Melhor Animação

Ratatouille
Persepolis
Surf's Up

SURF'S UP não deve ter nenhuma hipótese contra quer RATATOUILLE ou PERSEPOLIS. E, embora RATATOUILLE tenha uma animação notável e alguns momentos de excelência, a estatueta deverá ir para o excelente PERSEPOLIS (em Portugal teve antestreia na Festa do Cinema Francês, mas ainda não estreou nas salas)


Melhor Filme Estrangeiro

Beaufort (Israel)
Mongol (Kazakhstan)
12 (Russia)
The Counterfeitters (Austria)
Katyn (Poland)

Aqui a surpresa foi a não nomeação de LE SCAPHANDRE ET LE PAPILLON, que chegou a vencer um Globo de Ouro. De facto, as escolhas da Academia não têm um único título em comum com os dos Globos, ficando de fora filmes como THE KITE RUNNER ou 4 MONTHS, 3 WEEKS & 2 DAYS (estreou em Portugal a semana passada)


Melhor Realizador

Joel and Ethan Coen - No Country for Old Men
Paul Thomas Anderson - There Will Be Blood
Julian Schnabel - The Diving Bell and the Butterfly
Tony Gilroy - Michael Clayton
Jason Reitman - Juno

Prevê-se uma luta acérrima entre os Coens e PT Anderson, embora THERE WILL BE BLOOD talvez venha a ser demasiado esotérico para levar uma estatueta. JUNO vai ter o azar de não conseguir escapar a comparações com LITTLE MISS SUNSHINE, embora seja um filme superior (não por muito).


Melhor Actriz Secundária

Amy Ryan - Gone Baby Gone
Cate Blanchett - I'm Not There
Tilda Swinton - Michael Clayton
Saoirse Ronan - Atonement
Ruby Dee - American Gangster

I'M NOT THERE ainda não estreou em portugal, mas que Blanchett apenas se qualifique como actriz secundária parece um pouco injusto. Deverá levar a estatueta, e perdê-la no óscar de Actriz Principal.


Melhor Actor Secundário

Javier Bardem - No Country for Old Men
Casey Affleck - The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford
Tom Wilkinson - Michael Clayton
Hal Holbrook - Into the Wild
Phillip Seymour Hoffman - Charlie Wilson's War

De novo, um actor principal a ser catalogado como secundário. ASSASSINATION OF JESSE JAMES tem um foco duplo, não apenas em Brad Pitt.


Melhor Actriz

Marion Cotillard - La Vie en Rose
Julie Christie - Away from Her
Ellen Page - Juno
Laura Linney - The Savages
Cate Blanchett - Elizabeth: The Golden Age

A estatueta deve ser disputada entre Blanchett (que provavelmente irá apenas ganhar como Actriz Secundária), Page e Cotillard.


Melhor Actor

Daniel Day-Lewis - There Will Be Blood
George Clooney - Michael Clayton
Viggo Mortensen - Eastern Promises
Johnny Depp - Sweeney Todd
Tommy Lee Jones - In the Valley of Elah

Ao menos uma menção para EASTERN PROMISES, tendo Viggo Mortensen que se defrontar com o gigante Daniel Day-Lewis. Tommy Lee Jones aparece saído do nada (a Academia será demasiado orgulhosa para reconhecer o seu erro envolvendo Paul Haggis?), e Johnny Depp provavelmente terá de se contentar, uma vez mais, com o afecto do público.


Melhor Filme

No Country for Old Men
There Will Be Blood
Juno
Michael Clayton
Atonement

JUNO? A sério? O prémio principal deverá mesmo estar disputado entre NO COUNTRY FOR OLD MEN e THERE WILL BE BLOOD, o que muitos comentadores vão de certeza utilizar para discursar sobre "a opinião da América sobre si mesma".

Gallo em GIALLO
Argento pinta com Amarelo



O próximo thriller de Dario Argento já foi anunciado. Chama-se GIALLO e vai ser a história da perseguição de um polícia (Ray Liotta) a um assassino que persegue mulheres (a filha do realizador, Asia Argento, caberá aqui). Vincent Gallo, o enfant terrible de New York, vai interpretar o assassino.

"Giallo" foi o nome dado a um género literário com origem em Itália, o de histórias policiais com excessos de violência e sexo e faltas de elegância ou gosto. Giallo significa amarelo em italiano, e é uma referência às capas dos livros, quase sempre em amarelo berrante para chamar a atenção. Este tipo de exploitation acabou por crescer mais no meio cinematográfico, com o pioneirismo de Mario Bava, Lucio Fulci e mesmo o próprio Dario Argento.

É por isso que o título deste filme é enigmático, já que toda a carreira de Argento é definido por esta palavra. A sinopse para o projecto não parece mais arquetipal que outros filmes de Dario Argento, embora se adivinhe que este vá ser uma homenagem ao género giallo. Uma espécie de Grindhouse, mas feita por alguém de dentro desse mundo, não apenas um espectador.

De qualquer maneira, o projecto soa muito bem, para já.

Soldar onde nenhum homem jamais soldou
Star Trek com teaser



É irem a http://www.paramount.com/startrek/ e já podem ver a primeira teaser do reboot de J.J. Abrams à franchise Star Trek.

Com a quantidade de rumores que andavam a circular, seria inevitável que o estúdio providenciasse material oficial do projecto, mesmo com quase um ano inteiro de antecedência. Como era de esperar, esta teaser trailer não traz nada de novo, nem sequer no que toca ao desenho da nova Enterprise, que mal se consegue adivinhar.

Entretanto, cliquem aqui para fotos dos actores da nova tripulação, sendo os principais: Chris Pine como James Kirk, Zachary Quinto (o chupacabra de Heroes) como Spock, Karl Urban como "Bones" e John Cho como Sulu.

Para além do site oficial com a teaser, sendo o Jota-Jota um fã do marketing viral, também está online o site do estaleiro da Enterprise. Que giro.

CASSANDRA'S DREAM, de Woody Allen
Crime e Castigo remascado


IMDb | O Sonho de Cassandra

Depois do desastre crítico que foi Scoop, Woody Allen teve a má ideia de fazer marcha atrás para MATCHPOINT com CASSANDRA'S DREAM. Em vez de estacionar numa zona de conforto onde antes obteve grande aprovação do público e da crítica, a verdade é que falhou a garagem e conduziu por cima do jardim de flores.

Ok, se calhar abandono esta metáfora.

CASSANDRA'S DREAM conta-nos a história de dois irmãos que, ambos numa situação em que desesperadamente precisam de dinheiro, recorrem ao seu tio rico. Este aceita ajudá-los, mas com a condição de o ajudarem a ele: vão ter que matar alguém pelo dinheiro. Como as trailers já nos tinham revelado, acabam mesmo por cometer o crime, e o filme passa a debruçar-se sobre os problemas de consciência de ambos.

O primeiro acto do filme está muito bem conseguido, e sem material de grande densidade os actores principais conseguem construir um elaborado quadro de relações. Nunca duvidamos da fraternidade dos personagens de Ewan McGregor e Colin Farrell, conseguimos sentir aquele tipo de familiaridade entre os actores que vem da convivência de toda uma vida. Esta dinâmica é testada com o dilema que e apresentado aos irmãos, o de matar ou não matar, e é bem sucedida.

Esta fase é a que mais lembra a inspiração fundamental de MATCHPOINT, o romance Crime e Castigo de Fiódor Dostoievsky. O personagem de McGregor, Ian, é a força que tenta convencer Terry (Farrell) a seguir com o plano para obter o dinheiro, embora seja Terry que esteja a atravessar mais dificuldades. Um jogador inveterado, Terry deixa-se levar pelas suas circunstâncias, lamentando as suas escolhas demasiado tarde. Já o ambicioso Ian tem o hábito de assumir papéis que não tem, de se dar a ares que não correspondem à sua situação na vida. Por isso, para ele é mais fácil não só agrarrar a oportunidade como depois esquecer o que fizeram.

O sufoco de MATCHPOINT não é tão brilhantemente reproduzido aqui na derradeira fase da chamada à responsabilidade dos personagens, e assim ficamos com um filme assimétrico que é mais eficaz na primeira metade. Ao nível do guião então, somos presenteados com um final absolutamente preguiçoso e auto-danoso.

No fim, o pior insulto que se pode atiorar a CASSANDRA'S DREAM é que é competente naquilo a que se propõe. Pena que se tenha proposto a tão pouco, e tão recentemente depois da vividez de MATCHPOINT.

segunda-feira, janeiro 21

Auto-serviço II
Regresso ao trabalho

Devem ter reparado que tem havido poucos posts nas primeiras semanas de Janeiro. Época de exames, foi mais difícil manter conteúdo regular, mas a situação deve voltar ao normal lá para meio desta semana. Contem com (finalmente) novo webcast, e daqui a muito pouco tempo o início dos segmentos do 4E na UPMEDIA.

Até lá, vemo-nos no quarto escuro.

sábado, janeiro 12

Estreias 10 Janeiro



Estreias

CRISTÓVÃO COLOMBO - O ENIGMA, de Manoel de Oliveira
[IMDb]
Manoel de Oliveira arrasa Tóquio. Nenhuma arma humana o pode parar.

CASSANDRA'S DREAM, de Woody Allen
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Na linha de Matchpoint, Woody Allen traz-nos a história de dois irmãos que vão lidar com o custo demasiado elevado do dinheiro fácil. Com Ewan McGregor e Colin Farrel.

SAW IV, de Darren Bousman
[Ver Trailer] [IMDb]
Há pornografia da tortura. Reviravolta da trama assegurada. Bocejo.


Já em exibição

THE ASSASSINATION OF JESSE JAMES..., de Andrew Dominik
[Ler crítica]
Um dos melhores filmes de 2007. Uma reconstituição lírica do assassinato do célebre bandido do Velho Oeste.

CHARLIE WILSON'S WAR, de Mike Nichols
[Ler crítica]
Exibição de mediocridade inconsequente. Por outro lado, não é propriamente mau.

EASTERN PROMISES, de David Cronenberg
[Ler crítica]
Foi julgado pelo 4E o melhor filme de 2007, é tudo o que precisam de saber :)

quarta-feira, janeiro 9

THE ASSASSINATION OF JESSE JAMES
BY THE COWARD ROBERT FORD, de Andrew Dominik


IMDb | O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford

Apesar do elogio à realização e uma prestação memorável de Eric Bana, o CHOPPER de 2000 foi um filme que não gerou demasiada atenção internacional. Andrew Dominik regressa agora para um segundo filme muito mais falado e celebrado: THE ASSASSINATION OF JESSE JAMES BY THE COWARD ROBERT FORD (longo título mantido por fidelidade ao material de fonte, o romance de Ron Hansen).

ASSASSINATION abre com uma introdução carinhosa à personagem de Jesse James, contada por alguém como que enternecido e respeitoso ao mesmo tempo. A partir daí seguimos o bando dos James, com a atenção dividida entre Jesse e um novato no grupo, Robert Ford. Ford é interpretado por Casey Affleck com uma entrega a uma figura gritantemente submissa. O porte do personagem é tal que, nos poucos segundos que temos antes de uma outra personagem nos avisar o quão desconfortável é estar à beira dele, já a audiência notou essa atmosfera titubeante.

Robert Ford é um jovem que toda a vida foi vergastado a uma posição de submissão, alguém que sabe ser melhor do que aquilo que é julgado e que se obriga a si mesmo a provar o seu valor. Um primordial fã para a primordial estrela pop de Jesse James, a sua inquietante ondulação vai ver-se definida pelo seu ídolo: "Queres ser como eu... ou queres ser eu?"

No final, ASSASSINATION mostra-nos um Robert Ford que não terá tanto de cobarde como de vítima de circunstâncias. Jesse James, esse verdadeiro cobarde do filme, um homem que carrega o peso de toda uma vida de más acções, que é devorado por arrependimento e culpa por não se conseguir responsabilizar, por nem sequer ter a coragem de terminar tudo.

A realização de Dominik parece seguir o caminho de CHOPPER nos primeiros minutos, com uma competência discreta. Mas somos logo presenteados com a sequência expressiva do assalto a um comboio que sabe de facto a novo. Aqui nota-se também a contribuição do cinematógrafo Roger Deakins (com cores e luz semelhantes às suas de O BROTHER WHERE ART THOU). A partir deste momento tomamos estemundo como garantido e passamos a focar-nos nas prestações dos actores, num filme que s epode gabar de ter como actores secundários nomes como Sam Shepard, Sam Rockwell ou até mesmo o mayor Ted Levine.

THE ASSASSINATION OF JESSE JAMES BY THE COWARD ROBERT FORD teria sido um dos melhores filmes de 2007. Assim, abre muito bem o ano de 2008.

Desenvolvimentos na greve da WGA
United Artists (re)começa o trabalho


Tom Cruise e Paula Wagner, da nova United Artists

É o desenvolvimento mais significativo na greve dos guionistas americanos até ao momento: a WGA (Writer's Guild of America) concluiu um acordo com a produtora United Artists. A United Artists, que recentemente tinha estado num estado de suspensão, foi re-activada no final de 2006 por Tom Cruise e Paula Wagner, uma dupla de produtores de longa data. Assim, a pequena United Artists é para já a única produtora com autorização para prosseguir o trabalho em toda Hollywood.

Esta jogada insere-se na estratégia "divide and conquer" da WGA, já que a United Artists está sob o abrigo do grupo Metro-Goldwyn Mayer. A AMPTP já expressou o seu desagrado a Harry Sloan, o presidente da MGM, por permitir que se fragilize a posição dos estúdios nesta luta.

Entretanto, a cerimónia de entrega dos Golden Globes para 2007 já foi cancelada, devido ao eventual piquete dos guionistas à entrada, o que levaria à não-comparência de actores ou realizadores. A organização do evento vai tentar diminuir os seus prejuízos com uma transmissão especial. Mesmo a realização dos Óscares está ameaçada, caso ainda não haja acordo pela data da cerimónia.

Entre o acordo com a United Artists, o regresso de David Letterman, e a ameaça aos Óscares, não se espera que a greve chegue ao verão, altura em que tanto actores e realizadores se juntariam ao protesto.

CHARLIE WILSON'S WAR, de Mike Nichols
Os assentos baratos


IMDb | Jogos de Poder

CHARLIE WILSON'S WAR teve o azar de ser anotado como um dos principais concorrentes aos Óscares. Nada que interfira com o produto acabado, mas a etiqueta de filme de prestígio (muito mais por hábito do que por credibilidade da Academia) gerou atenção e expectativas à volta do filme. Foi mesmo azar, porque já sem estes acrescidos dificelmente o filme seria aceite.

Mike Nichols criou aqui um aquário: os eventos parecem distantes e os personagens pouco têm de humano. Tal como acontece com um aquário, sentimo-nos atraídos pela languidez e pelo arrefecimento emocional, ficando embasbacados a olhar para os peixinhos. Será a virtude que o filme tem, a de nos conseguir prender apesar da fraca qualidade. De qualquer maneira, os ataques a CHARLIE WILSON'S WAR não soam naturais, pois temos a ilusão de que estamos a ter uma reacção mais violenta do que aquela que os criadores tiveram no momento da criação.

Valerá talvez a pena destacar Phillip Seymour Hoffman, que conseguiu dentro deste filme manter o seu cadastro perfeito como actor de suporte. O seu personagem tem uma familiaridade incrível, embora quase de certeza não conheçamos alguém assim. Também é justo dizer que o actor retira proveito de ser a única personagem tridimensional em todo o filme. Quanto à história, essa é uma hiper-simplificação das actividades da CIA no Afeganistão durante a Guerra Fria, centrando-se nos esforços de um senador pelo nome de Charlie Wilson. Os afegãos fazem-se representar por um trio de figurantes, e os comunistas nem vê-los.

Se neste inverno precisarem de um sítio seco e escuro onde descansar durante duas horas, a ver algo que não ofenda nem mova... mesmo assim talvez não valha a pena ir ver este filme.

Estreias 3 Janeiro



Estreias

CHARLIE WILSON'S WAR, de Mike Nichols
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Apesar de inicialmente pensado como um dos grandes candidatos aos Óscares, desde a sua estreia nos US que essa ambição parece desmedida. A história de um senador que ajudou os rebeldes afegãos a derrotar a ameaça soviética durante a Guerra Fria.

THE ASSASSINATION OF JESSE JAMES BY THE COWARD ROBERT FORD, de Andrew Dominik
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Apenas o segundo filme de Andrew Dominik (antes, CHOPPER), "Assassination" foi considerado um dos melhores filmes de 2007. A história do assassinato do bandido do Oeste Jesse James. Com Casey Affleck e Brad Pitt.

ALIEN VERSUS PREDATOR: REQUIEM, de Colin e Greg Strause
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Nenhuma da elegância dos filmes ALIEN, nenhuma da eficácia dos filmes PREDATOR, toda a piroseira do primeiro AVP. Que bom.