sábado, setembro 22

Correr Quando Outros Andam
THE BOURNE ULTIMATUM, de Paul Greengrass



Estreou esta semana em Portugal "Ultimato" a última parte da trilogia de Paul Greengrass baseada nos livros de Robert Ludlum. O grosso deste terceiro filme descreve o percurso de Jason Bourne desde o final do segmento na Rússia em Bourne Supremacy até ao momento no final desse filme em que ele chega a Nova Iorque. Pelo caminho, mais backpacking pela Europa e um saltinho a Tânger.

É um crédito para Paul Greengrass que esta trilogia se tenha mantido tão constante na sua abordagem sem parecer repetitiva ou aborrecida. O personagem principal continua lacónico, estóico e introspecto, mas nunca conseguimos desviar o nosso olhar dele. É esta a principal qualidade da visão de Greengrass para o personagem, a subtileza com que o estado emocional e a atmosfera são comunicados à audiência. Matt Damon tem aqui uma tarefa considerável ao mostrar as motivações e processos de raciocínio de Bourne sem dizer uma palavra.

Com Bourne claramente apontado como uma influência no reboot da franchise Bond (aliás, o coordenador de luta corpo-a-corpo dos filmes Bourne foi contratado para o próximo filme 007), Ultimato refina aqui aqueles elementos que destacaram os anteriores. Neste universo há uma clara divisão entre os soldados e os empregados, entre aqueles que sabem o seu ofício e aqueles que são descuidados. Embora estejamos a presenciar actos e acrobacias mirabolantes, nunca chegamos a duvidar que com dedicação e treino aquele tipo de rapidez de raciocínio e de movimentos seria possível. Foi mais ou menos aqui que sempre circulou a principal queixa aos filmes Bourne, nomeadamente no que toca ao uso da "shaky cam". Mas de facto Greengrass controla-se mais em Ultimato, dá-nos uma maior noção de espaço e somos capazes de ver todos os movimentos de coreografia das lutas corpo-a-corpo.

De resto, pouco se poderá dizer acerca da conclusão da história sem revelar demasiado. Chega dizer que Jason Bourne encontra aqui não só respostas como também uma chamada à sua responsabilidade. Sendo que para além de respostas sobre o seu passado Bourne sempre procurou emancipação deste, é de notável maturidade que o filme lhe apresente um custo.

Quando Bourne Ultimatum acaba, podemos chegar a perguntar-nos se houve suficiente substância para três filmes. Mas, por quaisquer critérios, esta trilogia mais do que justificou o seu espaço.


Vão vê-lo com: Pessoal que ainda se lembra do Matt Damon de TEAM AMERICA, pessoal que acha que o mais recente Bond é bastante original

2 comentários:

Luis Pitta (r) disse...

Ainda nao vi o filme mas confio no que li :-)

marta disse...

Já vi - não conseguiria definir melhor. :)