quinta-feira, novembro 29

Entrevista: Ricardo Clara

boomp3.com


O Quarto Escuro apresenta aqui a versão integral da entrevista a Ricardo Clara, cujo excerto integra a edição desta semana do webcast (click!). Ricardo Clara é o assessor de imprensa do Fantasporto e um dos redactores do blog de cinema Antestreia.

O filme em cartaz recomendado por Ricardo Clara está em projecção no Cinema Medeia de Nimas, em Lisboa.

quarta-feira, novembro 28

Indy '57
Primeiras fotos de publicidade oficiais

Houve muita paranóia e secretismo à volta da produção de INDIANA JONES AND THE KINGDOM OF THE CRYSTAL SKULL, houve até despedimentos e processos jurídicos à custa de fotos roubadas. Agora tudo isto até parece ter sido para nada, já que sem grande pompa ou gravidade as fotos oficiais começaram a ser distribuídas.

Nelas podemos ver como o veterano Ford consegue ainda assim parecer vital dentro do chapéu de feltro e com o chicote na mão. Mesmo Shia Labeouf consegue não ser demasiado irritante no seu guarda-roupa de greaser dos anos 50. Só se lamenta Ford aparentar estar demasiado sério nestes shots, nada do sorriso carola à la Han Solo.

A fé continua, a espera é dura. Cliquem nos thumbs abaixo para as imagens de alta resolução.

Free Image Hosting at www.ImageShack.usFree Image Hosting at www.ImageShack.us
Free Image Hosting at www.ImageShack.us

Estreias 29 de Novembro
Terceira semana consecutiva de grandes estreias


Vincent Cassel e Viggo Mortensen em EASTERN PROMISES, de David Cronenberg

Estreias

HITMAN, de Xavier Gens
[Ver Trailer] [Site Oficial]
A adaptação da óptima mas inócua saga de videojogos, realizada por Xavier Gens e acompanhada de perto por Luc Besson. Timothy Olyphant com o papel de um assassino genéticamente desenhado que se vê apanhado numa cilada, levando-o a questionar-se quanto às suas origens e aos seus motivos.

EASTERN PROMISES, de David Cronenberg
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Um mestre regressa, desta vez com Londres e a máfia russa como móbil. Alguém que procura respostas vai ver-se em órbita espiral à volta de uma organização brutal e cerrada. Com Viggo Mortensen e Naomi Watts.

PARANOID PARK, de Gus Van Sant
[Site Oficial]
Outro grande nome traz-nos de nvoo um filme sobre adolescentes problemáticos.

ENCHANTED, de Kevin Lima
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Um conto de fadas que atravessa dimensões e chega ao mundo real vindo dos reinos do CGI. Disney fare for the season.


Já em exibição

HOT FUZZ, de Edgar Wright
[Ler crítica]
Pegg e Wright voltam em grande estilo. O digno sucessor de SHAUN OF THE DEAD.

CONTROL, de Anton Corbijn
[Ler crítica]
A visão do homem Ian Curtis em vez da figura Ian Curtis. Excelente fotografia (quem diria, com este realizador) e música (quem diria, com esta banda). A não perder.

AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott
[Ler crítica]
SCARFACE encontra THE UNTOUCHABLES, mas os dois acabam por fazer um filme que não surpreende. É mau contar com grande qualidade, não é?

ELIZABETH: THE GOLDEN AGE, de Shekhar Kapur
[Ler crítica]
Um filme fascinado mas pouco fascinante sobre o segundo terço do reinado da raínha Elizabeth I de Inglaterra. De Shekhar Kapur.

quinta-feira, novembro 22

Brincar no quintal
HOT FUZZ, de Edgar Wright



Edgar Wright e Simon Pegg voltam com um projecto colaborativo. Um realiza e co-escreve, o outro protagoniza e co-escreve. Foi assim na série de TV "Spaced", e foi assim em SHAUN OF THE DEAD.

Com HOT FUZZ, Wright traz-nos de novo um exercício de homenagem a géneros cinematográficos. Não estamos aqui a falar de paródia, apesar de HOT FUZZ ser também uma comédia. Edgar Wright tem aquele tipo de amor pelos arquétipos do cinema mainstream que se encontra por exemplo em Quentin Tarantino. Lamentavelmente, Wright ainda não está bem ao nível de Tarantino no que toca à alquimia de criar algo novo a partir de elementos velhos.

Diria até que o realizador britânico foi mais bem sucedido em criar o seu próprio filme em SHAUN OF THE DEAD do que com este mais recente trabalho. SHAUN homenageia com devoção os filmes de zobies, e traz-lhes a profundidade que raras vezes tiveram com o aspecto da comédia de relações.

HOT FUZZ está em desvantagem pois os seus afectos estão relacionados a dois géneros muito frios, os dos filmes de acção e dos filmes slasher. Edgar Wright parece ter um método de chef, e com a mistura de ingredientes que aqui usou pouco mais se poderia esperar do que um filme divertido e técnicamente muito competente.

Nada a dizer de Simon Pegg, que já se tinha revelado muito antes e que aqui confirma a sua capacidade de um dia entrar num British Hall of Comedic Fame. Nick Frost está à altura de Pegg, mas brilha pouco. Os actores secundários todos cumprem aquilo que lhes é pedido, mas será sempre digna de realçar a performance de Timothy Dalton: algo inedito nestes contextos, e absolutamente delicioso como um proto-vilão-Bond.

De resto, e apesar da relativa frieza de tom, o afecto do cineasta pelos géneros que aborda está presente. E, sem isso, seria apenas mais uma sátira.


Vão vê-lo com: pessoas que ainda vejam o The Office americano.

Como ver WATCHMEN
Snyder adapta extras do livro original



As últimas notícias da adaptação do seminal romance gráfico Watchmen de Alan moore confirmam o que o realizador já tinha prometido: ser o mais fiel possível ao material de fonte.

O livro continha, para além de quatro ou cinco páginas de texto corrido ao fim de cada capítulo, uma estória de piratas que se misturava entre os painéis da estória principal. Esta não tinha directamente nada a ver com a trama de Watchmen, apenas estabelecia certos paralelos. Já os textos ao fim de cada capítulo serviam para desenvolver o contexto da estória, sempre integrados no universo do livro.

Agora Zack Snyder conseguiu o dinheiro necessário para filmar tanto um elemento como o outro, sendo depois ambos usados como conteúdo promocional. A adaptação da estória de piratas será distribuída em DVD ao mesmo tempo da estreia de WATCMEN, a la Animatrix, e a adaptação da prosa será mais tarde um conteúdo extra no DVD do filme. Um caso louvável onde o comércio ajuda à expressão.

Este filme está com cada vez melhor aspecto. Cliquem aqui para uma foto do personagem Rorschach a andar numa recriação de uma rua de Nova Iorque. Excelente aspecto soundstage.

24 mil palavras por segundo
CONTROL, de Anton Corbijn



Antes de mais, CONTROL não é um filme sobre os Joy Division. Houve quem não esperasse isso, e a ausência do trabalho em grupo da banda pareceu incomodá-los. Mas é algo que devia ser claro desde o princípio, já que o filme se baseia nas memórias de Deborah Curtis ("Touching From a Distance"): o filme é sobre o homem Ian Curtis.

Ian Curtis não será um nome caseiro, mas é sem dúvida alguma um ídolo. Assim, tem bastante valor que Corbijn não tenha caído no fascínio e tenha procurado mostrar onde é que a escultura que foi a vida de Ian Curtis assenta, quais foram as bases. Ian Curtis é aqui retratado como alguém que apenas se sente deslocado, desajustado. Deborah Curtis é a vítima, aquela que adora o homem mas não fala a língua dele.

Corbijn, um fotógrafo ligado à indústria musical e com experiência na realização de videos musicais, tem aqui uma excelente estreia. Ultrapassadas as barreiras de linguagem, sop se pode esperar óptimo trabalho de um fotógrafo que trabalhe em realização (a presença deste valor acrescentado não parece tão imediata no caso de realizadores a fazerem fotografia). Os planos de CONTROL são claramente muito pensados, sem nunca o darem a entender, sem fazer da câmara uma personagem. A escolha do preto e branco assenta bem aos tumores industriais urbanos que servem de fundo ao filme, assim como à crueza dos sentimentos em exposição.

As prestações ao vivo dos Joy Division são sem dúvida um dos pontos mais fortes do filme. Sem terem caído no erro óbvio de utilizarem as versões de estúdio das canções, as actuações estão carregadas com o imediatismo e a genuinidade de um concerto ao vivo, sem nunca parecerem uma fraca imitação dos originais.

Antes de ver CONTROL estava preaparado para tecer comparações com os Joy Division do excelente 24 HOUR PARTY PEOPLE. Mas não há aqui espaço para estabelecer relações entre os dois filmes. Não porque sejam diferentes, mas porque ambos são completos em si, não necessitam de apoio ou referências.

Se forem fãs de Joy Division, não poderão evitar este filme. Se não forem, passarão a ser.

sábado, novembro 17

Mais uma grande semana de estreias
22 de Novembro


BEOWULF, de Robert Zemeckis

Estreias

HOT FUZZ, de Edgar Wright
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Depois de SHAUN OF THE DEAD, Edgar Wright e Simon Pegg regressam, desta vez usando-se do género whodunit/slasher, com pitadas de Michael Bay. Vivamente recomendado pel'O Quarto Escuro.

SHOOT'EM UP, de Michael Davis
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Com uma lógica Looney Tunes e uma estética DIE HARD, a primeira longa metragem de Michael Davis é mais um filme de hipper-realidade em acção. Mas pronto, tem a Boalucci e os bons moços Paul Giamatti e CLive Owen.

BEOWULF, de Robert Zemeckis
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Um filme renderizado em 3D, com as interpretações dos actores humanos capturadas com o suporte de mocap - motion capture. Uma adaptação do poema épico anónimo.


Já em exibição

AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott
[Ler crítica]
SCARFACE encontra THE UNTOUCHABLES, mas os dois acabam por fazer um filme que não surpreende. É mau contar com grande qualidade, não é?

ELIZABETH: THE GOLDEN AGE, de Shekhar Kapur
[Ler crítica]
Um filme fascinado mas pouco fascinante sobre o segundo terço do reinado da raínha Elizabeth I de Inglaterra. De Shekhar Kapur.

RESCUE DAWN, de Werner Herzog
[Ler crítica]
Baseado no documentário de Herzog LITTLE DIETER NEEDS TO FLY, RESCUE DAWN é a história verídica do alemão Dieter Dangler, que após conseguir o seu desejo de voar ao se alistar com a força aérea americana, cai sobre o Laos durante a guerra do Vietname.

Teoria e Prática
AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott



À partida, quando um filme se proclama "baseado em factos verídicos", o espectador já sabe que a espinha dorsal de verdade com que pode contar é muito fina. Pessoalmente, não deixo que algo como adulteração de factos perturbe a apreciação de um filme pelo trabalho cinematográfico que é.

No entanto, AMERICAN GANGSTER toma demasiadas liberdades com o material de fonte. Frank Lucas foi um traficante de droga notável no Harlem da década de 70. Com origens muito (mas mesmo muito) humildes, numa zona rural dos Estados Unidos, Lucas recorria à criminalidade antes de sequer saber o que a palavra significava (também é certo que nunca passou uma semana na escola). Depois de chegar a Nova Iorque, conseguiu encontrar um caminho ao ser protegido pelo gangster Bumpy Johnson (um personagem já interpretado em dois filmes por Laurence Fishburne). A notoriedade de Frank Lucas deve-se ao seu esquema de importar heroína, na altura do conflito do Vietname, do Sudeste Asiático para os Estados Unidos, escondendo-a nos caixões de soldados americanos mortos. Algum tempo depois foi preso, e algum tempo depois ainda foi libertado antecipadamente, por colaboração com as autoridades.

Claramente Frank Lucas é um personagem desprezível. Sem as limitações de uma educação moral, sentiu-se livre de matar e violar todos os obstáculos que o separassem da riqueza. Mesmo quando colaborou com as autoridades, fê-lo apenas por salvaguarda pessoal, já que agora que está em liberdade se recusa a admitir ter entregue ex-associados à lei. A consciência não lhe pesa por ter facilitado o comércio de uma substância concentrada e perigosíssima, mas apenas por ter sido obrigado a engolir o orgulho e a trabalhar para a polícia.


Os verdadeiros Frank Lucas e Richie Roberts, consultores no filme


No entanto, o Frank Lucas interpretado por Denzel Washington é um verdadeiro samurai, um homem com princípios bem definidos, com uma meta clara, e com a disciplina para alcançar essa meta. O único erro de "Zen-del" é atribuído a outra pessoa: a esposa oferece-lhe um fato demasiado espampanante que atrai a atenção das autoridades. Mero detalhe que na vida real Frank Lucas tenha comprado o fato de chinchila por si mesmo, e que o seu modo de vestir não tenha sido tão austero como o filme nos faça crer.

O prestígio e a mestria de Ridley Scott, independentemente de escorregadelas isoladas, não serão nunca postas em causa. No entanto é notória a sua fraca capacidade de comunicar com actores. Quando a isto acresce o facto de Scott não ser nada experiente no que toca a personagens principais repreensíveis, talvez se possa adivinhar a origem de semelhante despropósito na caracterização de Frank Lucas.

Mas tudo isto é fácil de perdoar. É fácil de perdoar quando confrontados com o bom estudo de espaço de Ridley Scott. Fácil de perdoar com a reprodução de período impecável (não nos tenta assombrar, e nem nos permite duvidar). Até mesmo no último minuto é fácil de perdoar, naquele último plano em que Frank Lucas é confrontado com um mundo ao qual já não pertence, ao qual já não se ajusta.

AMERICAN GANGSTER é um bom filme. Não é excelente, nem mesmo quando não se tenta desembrulhar o pacote. Mas é um bom filme, e no final das contas, isso não é assim tão fácil de conseguir.

Para quem quiser arriscar que o filme perca um pouco de brilho, fica aqui o link para o artigo que lhe deu origem:
The Return of Superfly, de Mark Jacobson

sexta-feira, novembro 16

O Quarto Alarga-se
Webcasts semanais no JPR



A partir de agora, o Quarto Escuro vai ter um programa semanal na webradio experimental JornalismoPortoRádio, um projecto da Universidade do Porto.

Cliquem aqui para a edição mais recente, e aqui para o índice das edições.


A segunda edição já correu um pouco melhor, embora ainda tenha saído um bocado a martelo. Enviem os vossos comentários e sugestões para o espaço para o mail oquartoescuro@gmail.com

quarta-feira, novembro 14

Um cabaz repleto
Estreias 15 Novembro


AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott

Estreias

AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott
O excelente realizador traz-nos uma história de polícias e barões da droga, evitando os lugares-comuns. Com Denzel Washington e Russel Crowe. [Ver Trailer] [Site Oficial]

CONTROL, de Anton Corbijn
O biopic de Ian Curtis antecipado pelo Quarto Escuro está aí. Livremente adaptado das memórias de Deborah Curtis, a viúva do frontman dos Joy Division. [Ver Trailer] [Site Oficial]

ACROSS THE UNIVERSE, de Julie Taymor
Um musical com canções dos Beatles, passado nos anos 60. Com Jim Sturgess e Evan Rachel Wood. [Ver Trailer] [Site Oficial]


Já em exibição

WAR, de Phillip Atwell
Um filmezeco de acção que não satisfaz nem no mais básico. Com Jet Li e Jason Statham. [Ler crítica]

ELIZABETH: THE GOLDEN AGE
Um filme fascinado mas pouco fascinante sobre o segundo terço do reinado da raínha Elizabeth I de Inglaterra. De Shekhar Kapur.
[Ler crítica]

RESCUE DAWN, de Werner Herzog
Baseado no documentário de Herzog LITTLE DIETER NEEDS TO FLY, RESCUE DAWN é a história verídica do alemão Dieter Dangler, que após conseguir o seu desejo de voar ao se alistar com a força aérea americana, cai sobre o Laos durante a guerra do Vietname. [Ler crítica]

sábado, novembro 10

Colisão Rodoviária
WAR, de Phillip Atwell



Com o coreógrafo certo, um filme com Jet Li E com Jason Statham seria fácil de tornar em algo desfrutável. Mas Jet Li já tinha anunciado que não faria mais filmes de artes marciais, e Jason Statham parece andar à procura do seu próprio DANNY THE DOG. Assim, aquilo que seria um veículo para ambos aparenta ser um anti-veículo para Jet Li, que quererá que a sua carreira se extenda para além dos filmes de acção.

WAR não é o festival de dez bofetadas por segundo que se esperaria. É um filme de acção sem acrobacias, uma história de polícias e gangsters sem profundidade ou lógica. Será que Jason Statham tomou este papel apenas pelo cheque, ou será que também quer embarcar na luta contra o typecast antes que o seu estatuto de white ninja se cristalize definitivamente? É certo que os seus papéis nos filmes de Guy Ritchie permitiam ler uma promessa que pouco tinha a ver com saltar por cima de camiões em andamento.

De qualquer forma, má escolha para ambos. Jet Li ainda tem bastante credibilidade, mais do que aquela que seria necessária para o papel que aqui tem, o do mau que se calhar não é assim tão mau. Jason Statham seria bom para o papel do bom que é duro, e que se calhar é um pouco duro de mais para ser bom. Pena que o argumento tenha o dom de esbanjar esta premissa com truques de filme de adolescentes.

Quanto à realização, parece ter sido feita por alguém sem paciência ou concentração. Um sintoma que aliás invade toda a produção, desde a fotografia aos cenários. Tudo é feito com muita atenção ao artifício à frente dos nossos narizes, esquecendo-se sempre de detalhes na periferia. Parece um filme feito por milionários, numa garagem. Também teria sido boa ideia alguém aconselhar o realizador a controlar-se, já que era alguém com íntimos contactos com o mundo do hip-hop a retratar o glitz do crime organizado.

O filme vale pela nota bizarra nas carreiras dos protagonistas. Vale pelos hilariantes excessos de estilo. Mas vale sobretudo porque o nome do filme no genérico não é o que foi distribuído em portugal (o filme é conhecido por ROGUE ASSASSIN em muitos países europeus).


Vão vê-lo com: biógrafos de Statham e Li

terça-feira, novembro 6

Estreias 8 de Novembro


WAR, de Phillip Atwell

Estreias

30 DAYS OF NIGHT, de David Slade
Filme de terror baseado na minisérie de comics de Steve Niles. Uma marca de projectos de qualidade em comics é a de pegarem num género ou situação clássica, e acrescentar-lhe um twist que permite explorar avenidas diferentes. Em "30 DAYS" somos levado a uma pequena cidade no Alasca, que de repente se vê a mãos com um problema de vampiros. O twist: estamos no período durante o inverno durante o qual o sol não aparece por ali durante trinta dias. Assim, os humanos não podem contar com a próxima madrugada como salvação, e vão ter de resistir ou aniquilar as criaturas. Com Josh Hartnett e Danny Huston. [Ver Trailer] [Site Oficial]

WAR, de Phillip Atwell
Jet Li versus Jason Statham. Parece encomendado por fãs descarados, mas está mesmo aí. Pelo que diz a crítica americana, mais história do que pancada, o que neste caso surpreende e desilude. [Ver Trailer] [Site Oficial]


Já em exibição

ELIZABETH: THE GOLDEN AGE
Um filme fascinado mas pouco fascinante sobre o segundo terço do reinado da raínha Elizabeth I de Inglaterra. De Shekhar Kapur.
[Ler crítica]

RESCUE DAWN, de Werner Herzog
Baseado no documentário de Herzog LITTLE DIETER NEEDS TO FLY, RESCUE DAWN é a história verídica do alemão Dieter Dangler, que após conseguir o seu desejo de voar ao se alistar com a força aérea americana, cai sobre o Laos durante a guerra do Vietname. [Ler crítica]

KNOCKED UP, de Judd Apatow
Depois de 40 YEAR OLD VIRGIN e SUPERBAD, Judd Apatow traz-nos uma comédia romântica que não enoja mas que também não convence. [Ler crítica]

Primeiras novas da Greve
WGA retira exigência de residuais de DVD


Um grevista usa o seu iPhone para tirar uma foto aos colegas em piquete, frente aos estúdios da FOX

Já começam a vir os primeiros resultados da greve da WGA. Do lado das negociações, a guilda dos escritores cedeu a exigência do aumento dos ganhos residuais (uma espécie de royalties) na venda de DVDs, e centra-se agora nos residuais de conteúdos descarregáveis. Esta é uma retirada estratégica, já que abandonando uma das exigências basicamente forçam os estúdios a ceder a outra. Sendo que se prevê que conteúdos descarregáveis venham muito em breve substituir os DVDs nos Estados Unidos, é uma jogada a longo prazo, semi-arriscada.

Quanto às manifestações e piquetes frente a instalações dos estúdios, tem havido grande aderência (mesmo os números mais baixos reportam mais de 3000 escritores sitiados, só na cidade de Los Angeles), e várias manifestações de solidariedade de outros profissionais da indústria.

Ellen DeGeneres, Marg Helgenberger e Robert Patrick são alguns dos actores mais conhecidos a juntarem-se à manifestação no passeio, enquanto que os teamsters (condutores para os estúdios) apoiam os escritores ao se recusarem a "furar" piquetes com os seus transportes.

Steve Carell é um dos actores que nem sequer compareceu às filmagens que tinha previstas (nomeadamente, episódios do The Office americano) em manifesto de solidariedade com a greve. Jon Stewart, anfitrião do Daily Show, já prometeu cobrir os salários de dois meses dos escritores do programa. Por outro lado, há uma quantidade considerável de "civis" que comparecem aos piquetes, e manifestações sui generis como o do clube de fãs de Joss Whedon que entregou pizzas aos escritores nos vários pontos de piquete.

Para mais inform,ações, o blog Deadline Hollywood é actualizado com frequência sobre o estado das negociações.

Update: Um vídeo fornecido pela WGA explica as razões por que estão a fazer greve, em termos simples (apesar de já não estarem a reclamar o aumento dos residuais de DVD que aparecem no princípio do vídeo). Check it out:

domingo, novembro 4

Sozinha no topo
ELIZABETH: THE GOLDEN AGE, de Shekhar Kapur



Já sabíamos que Shekhar Kapur era fascinado com a personagem da raínha Elizabeth I de Inglaterra, e também já sabíamos que era fascinado com Cate Blanchett. Agora sabemos que se devia controlar.

THE GOLDEN AGE lida com o período de conflito entre Inglaterra e Espanha (que culminou na derrota da Armada Invencível) mas de uma forma muito superficial. A trama acaba por orbitar o triângulo amoroso de Elizabeth, de Sir Walter Raleigh, e da aia mais próxima de Elizabeth, uma outra Elizabeth que assim se vê obrigada a ser chamada de "Bess".

O que define este filme é o desprezo com que os personagens secundários são tratados pelo realizador. E aqui, todos são secundários menos o personagem de Cate Blanchett. Mesmo Clive Owen tem um papel com zero profundidade, sendo a audiência levada a inferir as qualidades deste através do fascínio que Elizabeth tem por ele. Do molho de figuras bidimensionais que servem de fundo a Cate Blanchett ainda se destaca de uma maneira residual Geoffrey Rush, com o papel de Walsingham, o velho conselheiro da raínha. Os sacrifícios que a sua personagem tem de fazer devido ao seu trabalho são meramente referenciados, mas Rush consegue a melhor transmissão possível deste conflito.

Já a própria Elizabeth tem uma caracterização óptima, mas não suficiente para carregar o filme aos ombros. Cate Blanchett terá melhor hipóteses para o merecido óscar com I'M NOT THERE.

ELIZABETH: THE GOLDEN AGE não é de todo uma perda de tempo. O aspecto do filme é trabalhado, e sem ser demasiado barrocos os cenários assim como o guarda-roupa servem a sua função. Não há propriamente um desenlace para o filme, apenas uma remoção cirúrgica gradual de todos os conflitos. Os espanhóis, a esses é dada uma valente lição: metam-se com alguém do vosso tamanho (tipo, os vizinhos a Oeste)

No fim, o filme valeu a pena também porque passou a primeira trailer completa para CONTROL, o biopic de Anton Corbijn sobre Ian Curtis. Arrepiou e aumentou consideravelmente o interesse.


Vão vê-lo com: o Nuno da Câmara Pereira

Afinal a greve vai seguir
WGA marca começo da greve para Segunda



Afinal vai haver mesmo greve em Hollywood, já que a Writers Guild of America e a Alliance of Motion Picture and Television Producers (Alliance! Guild! Porque é que estes sindicatos soam todos a World of Warcraft?) não conseguiram chegar a acordo sobre a participação nos lucros das vendas de DVD e exploração de conteúdos online.
Apesar de haver uma reunião de emergência entre a WGA e a AMPTP hoje (Domingo) de manhã, o mais provável é que os escritores entrem em greve na Segunda-feira.

A adesão será inevitavelmente total, já que qualquer escritor do sindicato que trabalhe durante a greve vai ver-se expulso da organização, e rapidamente abandonado pelos estúdios que nessa altura estarão interessados em manter a WGA contente. Esperam-se vários desenvolvimentos nas próximas semanas, em especial uma lista dos filmes em fase de escrita que conseguiram acabar os seus guiões antes desta Segunda.

Esta será também uma hipótese de destrinçar da indústria do cinema independente americana os "falsos independentes" - distribuidoras de filmes independentes afectas aos grandes estúdios. Uma produção verdadeiramente independente não estará abrangida pela WGA, e logo poderá segui o seu curso de produção normalmente.

Os poucos filmes que os grandes estúdios conseguirão fazer para o próximo verão não deverão conseguir competir com filmes de outros mercados como Canadá, Reino Unido, ou França, e terão pela primeira vez uma competição directa dos independentes.

Vai ser interessante.


Para já, dá para acompanhar a troca azeda de palavras entre os dois lados da luta:
Site da Writer's Guild of America
Site da Alliance of Motion Picture and Television Producers