domingo, dezembro 30

#1 - EASTERN PROMISES
Diz-me com quem andas


IMDb

A HISTORY OF VIOLENCE, de 2005, foi uma aproximação de Cronenberg a Hollywood, a algo muito mais mainstream. Não foi um filme mau, foi até muito bom. Mas lamentou-se a ausência das marcas do realizador, aquela assinatura de autor que funciona muito muito bem quando é algo que nos diz alguma coisa, e que às vezes funciona ainda melhor quando nos é estranho.

Sobre o estranho debruçou-se este magnífico EASTERN PROMISES. Com um guião apenas medíocre, Cronenberg trouxe-nos uma história densa sobre a questão da identificação pessoal. No seu essencial, o filme diz-nos que não há uma moral rígida, um código de valores universal. Somos apenas indivíduos em conflito com a sua própria pessoa e com a pessoa que são para o mundo.

Viggo Mortensen já tinha sido o melhor de HISTORY, e neste PROMISES é-o de novo. Nikolai é uma corporização do filme, com o seu tom cru e ao mesmo tempo subtil, contido mas ao mesmo tempo explosivo. Já Naomi Watts teve a (in)felicidade de ser poupada às torturas tradicionais de ser uma personagem principal num filme Cronenberg, e ainda por cima carregou em si todas as fraquezas do guião: os macguffins e o final feliz.

Muito, muito bom. Fica com o primeiro lugar porque aumentou consideraveente as expectativas para o próximo filme "acessível" de Cronenberg, expectativas estas que estavam ligeiramente em baixo depois de A HISTORY OF VIOLENCE.

Fica o link para a análise já feita neste blog:

[Crítica original no 4E]

#6 - CONTROL
Substância


IMDb

Este filme não se encontra mais acima na lista porque, no final, acaba por ser um serviço aos fãs (casuais ou não) dos Joy Division. Mas CONTROL não é apenas uma muito honesta homenagem a Ian Curtis. Vale por si só como obra cinematográfica, com enquadramentos belos até à dor, e uma luz que é personagem principal.

Baseado nas memórias da viúva, CONTROL teve porventura drama mundano a mais e retrato dos Joy Division a menos. O primeiro seria inevitável, o segundo é mais do que redimido com as excelentes reproduções das actuações ao vivo dos Joy Division. Incrivelmente, o DVD que vem aí pouco detalha sobre a preparação musical dos actores.

Lamenta-se a muito parca distribuição deste filme pelas salas portuguesas.

Fica o link para a análise já feita neste blog:

[Crítica original no 4E]

sábado, dezembro 29

O primeiro sinal do fim da greve
Letterman negoceia com a WGA o regresso ao trabalho



Depois de meses de negociações falhadas, onde a estratégia dos produtores foi a de não dialogar, está aqui aquele que poderá ser o primeiro sintoma do fim da greve dos argumentistas de Hollywood. Em negociações isoladas, a WGA (Writer's Guild of America) permitiu ao escritores associados à World Wide Pants (a empresa de David Letterman que detém o seu programa e o de Craig Ferguson) voltarem ao trabalho no dia 2 de Janeiro.

Já estava programado que os talk shows voltariam em Janeiro, independentemente da stuação da greve, mas sempre sem os seus argumentistas, ficando a escrita ao cargo dos pivots dos programas (bizarro, mas ao mesmo tempo interessante). Assim, os programas da companhia de Letterman (o Late Show e o Late Late Show de Craig Ferguson) vão ser os primeiros a regressar, e na forma antiga, o que lhes vai permitir o monopólio do género. A ideia desta estratégia é a de pressionar os programas maiores (o de Jay Leno, por exemplo) a quererem voltar a utilizar os seus argumentistas, o que implica que por sua vez estes pressionem a AMPTP a aceder às exigências da WGA.

É uma jogada arriscada, já que o facto da WGA ter basicamente quebrado a solidariedade interna vai retirar a moral da unidade aos outros argumentistas aos quais a WGA ainda não deu autorização para regressarem ao trabalho. Não se esperará que os argumentistas comecem a ignorar a WGA e a quebrar a greve sozinhos, mas vão exercer mais pressão para que a greve acabe o mais cedo possível.

Seja como for, este é um desenvolvimento enorme que de uma maneira ou de outra vai ditar o fim da greve. Um bom sinal para todos, independentemente do lado em que estão.

Fontes
NY Times
Deadline Hollywood

sexta-feira, dezembro 28

#2 - DEATH PROOF
Novos truques antigos


IMDb

DEATH PROOF teria conseguido o primeiro lugar se não fosse tão niche. Como é, não faz sentido considerar algo tão obscuro e fechado em si mesmo o melhor filme deste ano. Mas mesmo asism, é algo notável pela integridade de Tarantino, que neste ponto da sua carreira não se preocupou em satisfazer a totalidade da sua audiência planetária.

DEATH PROOF é o lado mais bem conseguido de Grindhouse, um malfadado projecto de Tarantino e Rodriguez. Em vez de um espaço para vários realizadores irem brincando com o género ao longo de sequelas, por causa da fraca adesão nos Estados Unidso ficamos um produto de culto que está assinalado com caneta vermelha no livro de contabilidade dos irmãos Weinstein.

Um filme desenhado para ser visto numa sala de cinema com muita gente e qualidade de projecção opcional.

Momento definitivo: Stuntman Mike a olhar para a câmara e a sorrir. O espectáculo ia começar, e a primeira morte foi a da quarta parede.

Fica aqui o link para a análise já feita neste blog:

[Crítica original no 4E]

#7 - HOT FUZZ
Mais uma pint


IMDb

Para os que não conheciam o trabalho em televisão de Edgar Wright, HOT FUZZ veio comprovar que Shaun of the Dead não foi produto do acaso. Uma vez mais a trazer-nos um spoof enriquecido, HOT FUZZ é um filme não só competente na sua homenagem como tem uma personalidade própria. Apesar de provavelmente ser um filme menos duradouro do que SHAUN, FUZZ não desiludiu e mantém grandes as expectativas para os futuros projectos de Wright.

Momento definitivo: Danny a viver o drama de Keanu Reeves em POINT BREAK.

Fica aqui o link para a análise já feita neste blog:

[Crítica original no 4E]

quinta-feira, dezembro 27

#3 - ZODIAC, de David Fincher
Eco de uma noite de verão


IMDb

À partida, e pelo menos no papel, ZODIAC não poderia escapar às comparações com outro filme de David Fincher, o thriller SE7EN. Mas desde o princípio do filme é claro que qualquer comparação será fútil. São duas obras que aparentam ter terreno comum, mas que acabam por se revelar produtos completamente diferentes. A diferença principal é que ZODIAC é baseado em factos e pessoas reais. Este filme é uma adaptação dos dois livros de Robert Graysmith sobre o Assassino do Zodíaco, que durante os anos setenta aterrorizou a região de São Francisco. Para além de cinco vítimas mortais, o Zodíaco tornou-se célebre por enviar mensagens e cifras aos jornais e às autoridades, detalhando as suas acções e anunciando as suas intenções futuras.

No filme acompanhamos o personagem do próprio Robert Graysmith, cartoonista do “San Francisco Chronicle” na altura dos assassinatos. Quando a primeira carta chega à redacção do jornal, Graysmith começa a sua espiral de obsessão com a identidade do assassino. Ao longo do filme irá contar com a ajuda de outros que também foram atraídos para o caso: o cronista criminal do “Chronicle”, desempenhado por um Robert Downey Jr. delicioso e o inspector da polícia Dave Toschi, com Mark Ruffalo a trazer credibilidade e um lado humano a uma figura que seria demasiado fantástica não fosse o facto de existir mesmo. De facto, as prestações secundárias chegam a ser tão boas que por vezes destacam uma certa falta de carisma de Jake Gyllenhall, que tem o papel principal.

ZODIAC parece à primeira vista uma mudança radical no estilo de David Fincher, mas passados alguns minutos logo vemos que se trata de uma ilusão: o virtuosismo e estilo continuam lá, só que desta vez apostados em tornar a história tão realista e fiel quanto possível. Esta subtileza funciona na perfeição, não havendo paternalismos nem esfregando a cara do espectador no facto da narrativa ter lugar algumas décadas no passado. Quem tiver atenção ao detalhe encontra os sinais de período lá: nas roupas, nos carros, na música. Mas não esperem encontrar cortes de cabelo ridículos ou uma sucessão de "Greatest Hits of the 70s".

No entanto, este é um filme que inevitavelmente vai trazer alguma frustração ao seu público. Depois de um primeiro acto recheado de desenvolvimentos e com cenas de assassínio genuinamente originais e electrizantes (filmadas de uma maneira crua e estóica, o que as torna ainda mais horríveis), somos levados numa investigação que vive apenas de dossiers e ficheiros. Não será um espectáculo, mas foi assim que aconteceu.

Momento definitivo: O tracking do ponto de vista de um pássaro a um táxi com um ocupante especial, enquanto este conduz pela cidade.

#8 - AMERICAN GANGSTER
Orgulho e cegueira


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Um filme que se baseie em factos verídicos terá automaticamente uma dimensão pungente, um peso maior aos elementos dramáticos. A clara desantagem é que não se poderá desviar de um eixo de factos, por mais interessante que umas alterações tornariam a história.

Em AMERICAN GANGSTER, Ridley Scott decidiu tornar uma história interessante em algo ainda mais complexo e interligado. A custas da veracidade.

Mas sobre esse ponto já falei em demasia na crítica da altura do 4E. Resta aqui justificar a presença de AMERICAN GANGSTER no Top10. E isso é o mais fácil. Tomado por si mesmo, o filme tem o perfeccionismo técnico de esperar de Scott. Tem dois grandes actores nos papéis principais (embora com muito maior destaque para Denzel Washington), e é uma recriação de período que rivaliza com ZODIAC, o segundo filme do Top10 de hoje. Para além disso, tem possivelmente o melhor último plano do ano.

E tudo isto dentro de um género que (pensava-se) já tinha dado tudo o que tinha a dar. Ridley Scott merece que se ignorem os factos verídicos nos quais este filme é baseado.

Momento definitivo: O já mencionado plano final. Ao sair da prisão, Frank Lucas é agora apenas mais um transeúnte. O mundo já foi seu, mas não teve direito a um fim "Tony Montana". Como atesta o som a sair de um carro que passa pela estrada, o mundo de Frank Lucas (assim como o mundo em geral) já avançou, já o deixou para trás.

Fica o link para a análise já feita neste blog:

[Crítica original no 4E]

quarta-feira, dezembro 26

#4 - DON'T COME KNOCKING, de Wim Wenders
Nunca olhar para trás


IMDb

Antes sequer de conhecermos o personagem de Sam Shepard, sabemos que ele está a fugir. Sabemos que é um velho actor de westerns que um dia decide fugir no seu cavalo a meio da rodagem de um filme no meio do deserto. Embora sem agenda, esta fuga vai acabar por levá-lo a uma chamada à responsabilidade, a uma prestação de contas a todas as "fugas" do seu passado.

Co-escrito por Wenders e Shepard, DON'T COME KNOCKING é um filme errático, aberto, simbólico. Dá-nos uma imagem pérfida do personagem principal, apenas para pouco mais tarde nos perguntar se ele estará de facto no caminho para a redenção.

O personagem de Shepard é Howard Spence, uma estrela de westerns que já vai adiantado em anos, e todos eles um exercício de indulgência e auto-destruição. Afogado num mar de oportunidades, preferiu rebolar sem medo nem culpa, um caminho que apenas leva à valeta. Ao saber da possível existência de um filho seu numa terrinha onde há 30 anos tinha rodado um filme, Howard decide, sem saber porquê, procurá-lo.

Visualmente, DON'T COME KNOCKING é vívido, com cores primárias e especial destaque às da bandeira americana. Em quase todos os shots é possível encontrar no décor um jogo entre elementos do passado e elementos do presente, neste que é um conto de reacções tardias, de ecos distantes.

Em papéis secundários temos valores como Jessica Lange, Tim Roth e Eva Marie Saint. Um luxo necessário quando se trata da descoberta da humildade no personagem principal.

A América de Wim Wenders continua em exibição. E nós ganhamos um grande filme.


Momento definitivo: Com a câmara a orbitar Sam Shepard sentado num sofá no meio da estrada, elementos do cenário e pequenos sons permitem-nos adivinhar a tão-adiada introspecção e reflexão do personagem sobre a sua própria vida.

#9 - THE BOURNE ULTIMATUM
O bom cowboy


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Quando esta trilogia de espionagem e acção de Paul Greengrass começou em 2002, fomos logo remetidos para RONIN, do saudoso Frankenheimer. Foram bem-vindas as sequências de tensão frenéticas a contrastar com o cenário do pitoresco europeu, uma espécie de Inter-rail com armas. Mas BOURNE IDENTITY tinha mais para oferecer, não sendo a menor de todas um Matt Damon como leading man durão. BOURNE SUPREMACY acabou por não acrescentar muito mais à trama, embora não haja queixa de mais um capítulo de suspense elegante e sequências viscerais.

BOURNE ULTIMATUM é o digno fecho a esta trilogia, onde o tom mais - não diria superficial mas - à flor da pele dos dois primeiros foi substituído por uma trama mais pessoal, mais catártica para os personagens (sobreviventes).

Momento definitivo: Bourne esmurra um infeliz com um livro. Repetidamente.

Fica o link para a análise já feita neste blog:

[Crítica original no 4E]

terça-feira, dezembro 25

#5 - RESCUE DAWN
Génio inabalável


IMDb

O nome de Herzog já está gravado em solidez nos anais da cinematografia. Logo, cada seu novo projecto é uma celebração. RESCUE DAWN foi um filme visceral na sua abordagem da esperança e da sede de (sobre)viver. Um filme de prisioneiros onde a fuga é apenas o princípio.

Momento definitivo: Depois de uma hipótese de salvamento ter sido perdida, Dieter protesta cotnra o seu azar. Mas mesmo nesse momento mais desencorajador, é maior a confusão do que a raiva ou o desespero.

Fica o link para a análise já feita neste blog:

[Crítica original no 4E]

#10 - TRANSFORMERS, de Michael Bay
Aquilo que o olho alcança comanda


IMDb

Michael Bay faz um filme baseado numa linha de brinquedos?
Pelo pitch parecia que Bay ia sair do armário e assumir-se como um merceeiro. Pelo caminho, íamos ter oportunidade de ver um filme ir longe demais (de menos?) com o CGI e proporcionar-nos um espectáculo ridículo. Por mais aberta que a mente estivesse, a visão de pessoas a interagir com robots falantes do tamanho de um edifício não trazia grande confiança.

Mas, como é costume ter de se fazer com os preconceitos, tiveram que se engolir. TRANSFORMERS consegue não só não caír no ridículo, como ainda nos traz um brilho ao nível de efeitos especiais que estes se chegam a destacar, mesmo numa altura em que estes a trivialização do CGI parece ser um facto. A suspensão da descrença nunca se fragiliza mesmo quando somos presenteados com uma massa de metal falante que se enerva com um cão incontinente. Os efeitos especiais nunca quebram ou ignoram as leis da física, o que contribui imenso para a aceitação.

Afastando-se significativamente do teor dos cartoons que celebrizaram esta franchise (não havia outra forma) TRANSFORMERS assemelha-se mais a um disaster movie do que a um filme de fantasia/aventura. Os humanos aqui são apenas espectadores, que têm de fazer o melhor para não se tornarem em dados colaterais da batalha robótica que chegou ao planeta.

Uma nota de destaque para Shia Labeouf e John Turturro. O primeiro conseguiu aguentar melhor com o peso do greenscreen sobre os ombros do que muitos dos outros actores mais experientes, e o segundo mostrou saber em que tipo de filme estava, e deu-nos um histrionismo que agita mas não chega a desestabilizar o equilíbrio delicado da crença.

TRANSFORMERS é juvenil, é simplista, e é básico. É também um dos filmes mais divertidos de 2007. Resta agora esperar uns anos para saber quanto do sucesso do filme se deveu a Michael Bay e quanto ao "padrinho" Steven Spielberg.


Momento definitivo: "What would Jesus do?"

segunda-feira, dezembro 24

A minha mão direita é de 9mm
SHOOT'EM UP, de Michael Davis


IMDb

Entrei para este filme com bastante desconfiança e até algum desagrado. Afinal, o exagero em filmes de acção sempre foi uma coisa enternecedora por ser genuína. Por outro lado, a hiper-realidade e a hipérbole já tinham sido exploradas em CRANK. PArecia-me que SHOOT'EM UP vinha contar uma piada que já se conhecia.

Mas a verdade é que o filme de Michael Davis está num nível bem superior ao de CRANK. CRANK era uma série de gags com uma ligação ténue, um exercício num conceito que pouco se importava com estruturas ou regras. Nada de mal nisso. Mas é admirável como Michael Davis conseguiu construir um filme semelhante, que existe inteiramente para o regozijo das sinapses neurais, conseguindo no entanto manter a experiência dentro de formatos lógicos (se bem que lógicamente esticados).

Clive Owen é Bugs Bunny, e Paul Giamatti é Elmer Fudd. Isso é claro desde o primeiro shot, e literalizado ainda no primeiro terço do filme pelos próprios. Quando de repente (o contexto do seu personagem só nos começa a ser dados mais adiante) Owen se vê entre os capangas de Giamatti e o bebé que eles querem eliminar, começou o jogo entre o caçador trapalhão e a presa astuta.

As sequências de stunts de SHOOT'EM UP são brilhantes. São mesmo a razão de ser do filme. Nas palavras do próprio Davis, são Looney Tunes na vida real. O personagem de Owen é um atirador exímio, e também dotado de grande criatividade. Disparar armas à distância com cordéis ou disparar balas sem sequer utilizar uma arma de fogo são apenas alguns dos meios com que "Smith" se desfaz dos (propositadamente) indiferenciáveis capangas.

A maneira como o background das personagens só nos é dado a conhecer em pequenas doses e ao longo de todo o filme é refrescante, embora funcione melhor para uns do que outros. Chega mesmo a incomodar como a liberdade criativa aplicada às acrobacias de fogo acaba por também contaminar a verosimilidade da estória.

Mas, uma vez mais, SHOOT'EM UP não é um filme desses. É o seu próprio filme.

PS - Clive Owen começa a ficar mais confortável com a tarefa de parteiro. Traz à luz um bebé neste filme com mais à-vontade do que em CHILDREN OF MEN.

Começa amanhã
Top 10 Filmes 2007



A partir de amanhã começam a ser divulgados os dez melhores filmes segundo o Quarto Escuro distribuídos em Portugal em 2007. Serão dois filmes por dia, com rankings alternados:

25 Dezembro - #10 e #5
26 Dezembro - #9 e #4
27 Dezembro - #8 e #3
28 Dezembro - #7 e #2
29 Dezembro - #6 e #1

No dia 30 de Dezembro será postado um agregador com o ranking completo e links para os textos individuais, e no dia 31 vou fazer um comentário ao ano em termos cinematográficos.

Àqueles filmes que já tiverem crítica no blog pouco irei acrescentar, escrevendo uma crítica inteira àqueles que a ainda não tinham. Resta apenas lamentar as políticas de distribuição em Portugal, já que filmes como The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford ou Into The Wild (apenas dois exemplos de uma longa lista) não poderão aqui constar.

Até amanhã!

quinta-feira, dezembro 20

Estreias 21 Dezembro


FLORIPES, de Miguel Gonçalves Mendes

Estreias

REDACTED, de Brian DePalma
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Mal recebido pela crítica, REDACTED é a ficcionalização de uma história verídica da violação de uma jovem iraquiana por soldados americanos.

FLORIPES, de Miguel Gonçalves Mendes
[Site Oficial]
Miguel mendes começou com um documentário, mas não lhe encontrou distribuição. Algumas iflmagens mais tarde, tem um misto de documentário e dramatização a estrear nas salas portuguesas. Sobre o mito de uma sereia mourisca que assombrava Olhão.

NATIONAL TREASURES: BOOK OF SECRETS, de John Turteltaub
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Mais uma idiotice pegada com o selo de qualidade Bruckheimer. Desta vez Nicholas Cage e os seus comparsas incomodam o resto do mundo.


Já em exibição

EASTERN PROMISES, de David Cronenberg
[Ler crítica]
Cronenberg apresenta-nos a máfia russa num filme violento e elegante. Um dos melhores filmes do ano.

HOT FUZZ, de Edgar Wright
[Ler crítica]
Pegg e Wright voltam em grande estilo. O digno sucessor de SHAUN OF THE DEAD.

HITMAN, de Xavier Gens
[Ler crítica]
Um filme de acção mal cozinhado baseado numa saga de videojogos sem personalidade. Com o xerife de Deadwood no papel principal. Chega esperar que chuege à TV.

AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott
[Ler crítica]
SCARFACE encontra THE UNTOUCHABLES, mas os dois acabam por fazer um filme que não surpreende. É mau contar com grande qualidade, não é?

terça-feira, dezembro 18

Previews com sabor a amendoim
SWEENEY TODD, AVP2, IAL e TDK mostram primeiros minutos



SWEENEY TODD, ALIEN VERSUS PREDATOR: REQUIEM, I AM LEGEND e THE DARK KNIGHT têm os primeiros minutos de filme disponíveis na internet. Os links ao fundo do post.

Parece ser uma nova tendência no que toca à publicitação de filmes por parte dos grandes estúdios de Hollywood. Pessoalmente, não a apoio, mas não a vou deixar de usar.

Apesar de me obrigar a ver parte de um filme pela primeira vez num formato de baixa qualidade. Apesar de me estar a tratar como um animal ao qual se deixa um rasto de migalhas. Malvados!

Links para as previews:
SWEENEY TODD, de Tim Burton
I AM LEGEND, de Francis Lawrence
ALIEN VERSUS PREDATOR: REQUIEM, de Colin & Greg Strause

A preview de THE DARK KNIGHT nao está disponível online, como foi referido aqui.

Profissional do biscate
HITMAN, de Xavier Gens



Luc Besson tem a rpeutação de seguir os filmes que produz de muito perto, quase como se estivesse a lançar na profissão os realizadores desses filmes. Não se terá verificado tal na produção de Besson de HITMAN, um filme realizado pelo estreante Xavier Gens. Gens foi despedido durante a pós-produção, não chegqando sequer a realizar um número de reshoots para a montagem. O seu nome continua contudo a estar ligado ao filme, algo que João Botelho condena com veemência.

Os jogos Hitman demarcavam-se da concorrência precisamente pelo carácter impessoal tanto do personagem como dos níveis. Cada missão significava apenas utilizar tácticas furtivas para infiltrar uma área, executar um dois alvos, e fugir do local evitando detecção. Com uma backstory ridícula envolvendo clones genéticamente alterados, Hitman parecia não convidar minimamente uma adaptação para cinema.

Contudo, cá está ela. Timothy Olyphant é um copo de água morno e calvo que é conduzido por entre tiroteios sem verter ou ganhar líquido. O personagem de 47 (o número é o seu nome) é repleto de possibilidades, sendo o de um homem com uma visão limitada no mundo, mas que no entanto é totalmente eficaz no pouco que domina. Quando alguns dos valores fixos deste são mundo são transformados em variáveis, vai seguir a disrupção até à raíz.

E, assim que chega à raíz... nada faz. É uma coisa terrível revelar um final numa crítica, mas quando o final é nada, nada pode ser revelado. Ao fim de hora e meia de alianças, traições, improvisos e acidentes, 47 continua a não ser mais do que um avatar.

HITMAN não é um filme mau, é apenas um filme fraco com tantos furos na estória quantas balas foram disparadas. Os lampejos de diálogo ou de situações que tem numa cena acabam por ser esquecidos com mais uma escolha de montagem duvidosa, ou uma trafulhice de guião escusada.

Valeu a tentativa, mas o mundo ainda não está pronto para um filme em que o protagonista é uma máquina de tirar finos.

O Cavaleiro do Marketing
Trailer e posters para THE DARK KNIGHT

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Já está aí a trailer de THE DARK KNIGHT. Vão a atasteforthetheatrical.com para descarregar uma versão de alta resolução da trailer que foi distribuída com a exibição de I AM LEGEND, nos Estados Unidos.

BATMAN BEGINS contou com o poder da novidade do retratamento de um personagem de ficção icónico, o que serviu para perdoar muitas das falhas de desenlace. Nolan e equipa, do que vão mostrando, parecem ter imbuído mais estilo tanto a Gotham como aos personagens em si. Maggie Gyllenhal é uma actriz superior a Katie Holmes, e o facto do antagonista mais imprevisível da galeria de vilões de Batman ser o escolhido para este filme de transição na trilogia é uma escolha interessante.

O Joker de Ledger, na exposição limitada que teve até agora, parece ter mais do que suficiente personalidade para evitar comparações com o trabalho (estranhamente efusivo e preguiçoso) de Jack Nicholson com Tim burton. A maquilhagem fica-lhe bem, e ser introduzido como alguém que apenas tem "facas e cotão" nos bolsos é prometedor.

Estará também disponível o prólogo do filme algures na internet, mas como a Warner Brothers está a encerrar a disponibilidade desses vídeos quase tão depressa como aparecem, o melhor é esperar para ver. Este excerto trata-se dos primeiros minutos de THE DARK KNIGHT, que foram projectados com as cópias IMAX de I AM LEGEND, uma vez mais nos US.

quarta-feira, dezembro 12

Estreias 13 Dezembro
Não há fartura que não dê em fome


THE GOOD NIGHT, de Jake Paltrow

Estreias

THE GOOD NIGHT, de Jake Paltrow
[Ver Trailer]
Primeiro filme de Jake Paltrow, que como é irmão de Gwyneth conseguiu arranjar uma óptima ensemble. MArtin Freeman é um homem que tem sonhos lúcidos com uma mulher que lhe parece ideal, até que um dia descobre que ela existe mesmo. Ainda com Simon Pegg, Danny DeVito, Penélope Cruz e a irmã do realizador.

BEE MOVIE, de Steve Hickner e Simon Smith
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Filme de animação CG que segue a vida de uma abelha que quer viver a vida de forma diferente do resto do formigueiro. Perdão, colmeia. Levem os putos à versão em português e evitarão o Jerry Seinfeld no seu ponto mais baixo sa carreira.


Já em exibição

EASTERN PROMISES, de David Cronenberg
[Ler crítica]
Cronenberg apresenta-nos a máfia russa num filme violento e elegante. Um dos melhores filmes do ano.

HOT FUZZ, de Edgar Wright
[Ler crítica]
Pegg e Wright voltam em grande estilo. O digno sucessor de SHAUN OF THE DEAD.

CONTROL, de Anton Corbijn
[Ler crítica]
A visão do homem Ian Curtis em vez da figura Ian Curtis. Excelente fotografia (quem diria, com este realizador) e música (quem diria, com esta banda). A não perder.

AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott
[Ler crítica]
SCARFACE encontra THE UNTOUCHABLES, mas os dois acabam por fazer um filme que não surpreende. É mau contar com grande qualidade, não é?

Tim Burton cumpre o seu propósito no planeta
Vai realizar adaptação de Alice in Wonderland



Parece uma pareja tão óbvia que até soa piroso: Tim Burton afirmou que vai realizar uma adaptação para cinema de "Alice's Adventures in Wonderland" de Lewis Carroll. Nenhum outro auteur cinematográfico vivo parece mais adequado a manusear uma obra que consegue conjugar fantasia inocente com violência psicológica numa atmosfera nonsense. é praticamente a definição do tom dos filmes de Burton.

Disse o próprio sobre o trabalho:

"Nunca vi uma versão onde sentisse que conseguiram transmitir tudo. É uma série de aventuras estranhas, e tentar fazê-lo de maneira a funcionar com um filme vai ser interessante (...) As histórias são como droga para as crianças (...) Ainda ninguém conseguiu tornar a imagética numa história apelativa. Acho que vai ser um desafio interessante apra realizar."

Para já sabe-se que o filme vai ser um misto de live-action (actores reais) e performance capture (ao estilo do recente BEOWULF).


Fonte: Sci-Fi Wire

Prémios Board of Review e LA Critics
Cheirinho a Óscar


THERE WILL BE BLOOD, de Paul Thomas Anderson

A época dos prémios dos melhores de 2007 começou nos Estados Unidos com a publicação dos vencedores da National Board of Review (NBR) e da Los Angeles Film Critics Association (LAFCA). Para melhor filme do ano a NBR escolheu NO COUNTRY FOR OLD MEN (o mais recente dos Coen, com Javier Bardem) e a LAFCA escolheu THERE WILL BE BLOOD (de PT Anderson, com Daniel Day-Lewis).

Uma vez mais, este tipo de prémios só fazem salivar as audiências do nosso país, que ainda vão esperar bastante até ver estrear por aqui quer os vencedores quer a maior parte dos agraciados em ambas as listas. 2007 acabou por ser um ano com vários filmes de qualidade de teor ou inspiração western, e a verdade é que ainda nem um estreou por cá (o primeiro será 3:10 TO YUMA, lá para o fim de Janeiro, com a brilhante tradução de "O Comboio das 3 e 10").

Alguns destaques de ambas as listas de premiados:

Premiados National Board of Review
Filme - NO COUNTRY FOR OLD MEN
Filme Estrangeiro - LE SCAPHANDRE ET LE PAPILLON

Realizador - Tim Burton (SWEENEY TODD)
Estreia como Realizador - Ben Affleck (GONE BABY GONE)

Actor - George Clooney (MICHAEL CLAYTON)
Actriz - Julie Christie (AWAY FROM HER)


Premiados Los Angeles Film Critics Association
Filme - THERE WILL BE BLOOD
Filme (2º lugar) - LE SCAPHANDRE ET LE PAPILLON

Realizador - Paul Thomas Anderson (THERE WILL BE BLOOD)
Jovem Realizador - Sarah Polley (AWAY FROM HER)

Actor - Daniel Day-Lewis (THERE WILL BE BLOOD)
Actriz - Marion Cotillard (LA VIE EN ROSE)

terça-feira, dezembro 11

Fim do castigo para a franchise
Punisher regressa ao grande ecrã


PUNISHER:WAR ZONE (cliquem na foto para a imagem total)

Depois de uma discreta e submarina adaptação para filme do personagem Punisher, em 2004, a franchise tem direito a uma segunda oportunidade. Desta vez pela mão de Lexi Alexander, uma ex-campeã de kickboxing alemã, realizadora de Hooligans (2005). Desta vez o papel de Frank Castle ficou para Ray Stevenson, mais conhecido em Portugal como o Tito Pulo de "Rome". Na primeira foto revelada de Stevenson no papel escolheram ocultar-lhe bastante a cara, tanto que o senhor está parecidíssimo com o Barril de Porrada Steven Seagal.

Este tipo de projecto com as características clássicas de um direct-to-video não despontaria muito interesse, mas a novidade de um filme macho de acção ser realizado por uma senhora que percebe do assunto, assim como WAR ZONE ser uma espécie de reboot (afinal, quem quereria ter algo a ver com o Punisher de Tom Jane?) servem para pelo menos esperar pela trailer para decidir se é um filme apra alugar num Sábado à tarde ou mais.

PUNISHER: WAR ZONE vai em breve entrar em pós-produção, pelo que será de esperar distribuição no primeiro quarto de 2008.

quinta-feira, dezembro 6

Speed Tripping
Primeiras imagens de SPEED RACER



Alucinantes, mas sobretudo alucinadas. A maneira como os Wachowski estavam a filmar a adaptação de Speed Racer (um cartoon chuunga japonês) gerou alguns boatos, entre eles os que incluiam uma técnica para manter todos os objectos em foco, ou então uma filmagem 100% em green-screen, a la SIN CITY ou 300. Agora chegam-nos as primeiras imagens do filme. Sem mais palavras:


Emile Hirsch no papel titular


A família Racer, que inclui John Goodman, Susan Sarandon, e Chim Chim - o chimpanzé

O filme é suposto ser dirigido aos mais jovens, mas com atractivos para os mais velhos. Parece consegui-lo, porque estou com vontade de ver este delírio. Mais ainda quando Joel Silver nos diz que este filme vai ter muito "car-fu", ou seja, Kung-fu com carros.

Cliquem aqui para o resto das fotos, e aqui para um pequeno vídeo nos bastidores.
Fica aqui a intro para a versão americana do cartoon original:



UPDATE!
A trailer para este filme já está disponível:

quarta-feira, dezembro 5

Estreias para 5 de Dezembro


LIONS FOR LAMBS, de Robert Redford

Estreias

THE GOLDEN COMPASS, de Chris Weitz
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Baseado no livro "Northern Lights", da trilogia "His Dark Materials" de Phillip Pullman. Um conto de fantasia que se distingue pelas suas ferozes críticas à religião organizada.

LIONS FOR LAMBS, de Robert Redford
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Uma dura crítica à administração que mais recentemente levou soldados americanos ao Iraque. Escrito por Matthew Michael Carnahan.

LONELY HEARTS, de Todd Robinson
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Baseado em factos verídicos, LONELY HEARTS conta-nos a história de um casal de criminosos que nos anos 40 explorou e assassinou mulheres viúvas.


Já em exibição

EASTERN PROMISES, de David Cronenberg
[Ler crítica]
Cronenberg apresenta-nos a máfia russa num filme violento e elegante. Um dos melhores filmes do ano.

HOT FUZZ, de Edgar Wright
[Ler crítica]
Pegg e Wright voltam em grande estilo. O digno sucessor de SHAUN OF THE DEAD.

CONTROL, de Anton Corbijn
[Ler crítica]
A visão do homem Ian Curtis em vez da figura Ian Curtis. Excelente fotografia (quem diria, com este realizador) e música (quem diria, com esta banda). A não perder.

AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott
[Ler crítica]
SCARFACE encontra THE UNTOUCHABLES, mas os dois acabam por fazer um filme que não surpreende. É mau contar com grande qualidade, não é?

O Outro
EASTERN PROMISES, de David Cronenberg



EASTERN PROMISES, o novo de Cronenberg (escrito por Steven Knight) é um dos melhores filmes do ano. Quando uma jovem russa morre ao dar à luz, a parteira Anna (Naomi Watts) sente-se na obrigação de encontrar os familiares do bébé, e procura pistas dentro do diário da falecida. Mais tarde vimos a saber que Anna não está a fazer isto por conveniência de guião, mas porque para além de ter ascendência russa, ela própria perdeu um bébé. Um cartão dentro do diário leva-a a um restaurante de luxo operado por Semyon (Armin Mueller-Stahl), que parece interessadíssimo em cooperar.

Este gesto de compaixão de Anna aponta para o tema principal de EASTERN PROMISES, o de identificação. Quando Anna começa a entrar em contacto com as figuras relacionadas com Semyon, o foco do filme passa para o insondável Nikolai (um excelente Viggo Mortensen), membro da família de crime organizado vor v zakone sob as ordens de Semyon.

Nikolai é apenas um soldado da organização, o "motorista" como a si mesmo se denomina, apesar de fazer vários "trabalhos manuais" para os seus empregadores. Acompanha sempre o filho de Semyon, Kirill. Kirill, por sua vez, é um fanfarrão e um hedonista que luta contra a sua própria natureza homosexual. Tem uma clara atracção por Nikolai, e a impossibilidade de o ter fá-lo oscilar entre o ódio e a compaixão pelo motorista.

EASTERN PROMISES é auto-contido, com as suas próprias regras, tal como os vor v zakone. O filme não tem uma estrutura rígida de três actos. Nenhum personagem tem um apelido, já que estas se encontram perdidas da sua identidade. Apesar de ser um filme vívido e intenso, não se coíbe de um final feliz que muitos outros filmes do mesmo género teriam evitado.

Neste filme a violência é cometida com punhos, com lâminas, ou com agulhas de tatuagem. Não há um único disparo. Uma sequência de luta numa sala de sauna é lendária não só pela violência mas também pela nudez. Nudez essa que não, não é gratuita. As tatuagens de Nikolai explicitam a sua história dentro da máfia russa, e os golpes que vai sofrendo são apenas outro tipo de indícios.

Por estas razões e por outras, EASTERN PROMISES é um filme íntimo. E, ao mesmo tempo, um filme distante, como uma história contada através de recortes de jornal, exactamente como uma história sobre "estrangeiros" deve ser. O que é sem dúvida, é um grande filme.

Elenco para MILK
Filme de Gus Van Sant sobre Harvey Milk


Da esquerda para a direita: Harvey Milk, George Moscone, Dan White

Este ano houve uma corrida entre duas produções cinematográficas com o mesmo tema: o assassinato de Harvey Milk. O projecto de Gus Van Sant acabou por ser o vencedor, já que o de Bryan Singer não conseguiu completar o argumento antes da greve dos escritores de Hollywood.

Mas quem foi Harvey Milk? Ainda bem que perguntam. Harvey Milk foi em 1977 o primeiro oficial de um gabinete público (na autarquia de San Francisco) a assumir abertamente a sua homosexualidade. Apesar do seu assassínio por Dan White (que também matou o mayor George Moscone) não aparentar ter uma ligação directa com a sua sexualidade, Harvey Milk acabou por ser considerado um mártir da causa homosexual.

Já se sabia que Sean Penn iria interpretar o papel de Milk. Agora, o filme de Gus Van Sant alinhou mais três actores: Josh Brolin (como Dan White), Emile Hirsch (como um apoiante de Milk) e James Franco (como Scott Smith, o amante de Harvey Milk).

Espera-se que o filme esteja disponível na segunda metade de 2008.

THE DARK KNIGHT deixa entrar a luz
A máquina promocional já labuta

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Com uma produção demorada dentro do género, o próximo filme da trilogia Batman de Christopher Nolan começou finalmente a revelar conteúdos oficiais e não apenas as fotos de espionagem do costume. Acima podem clicar nos thumbnails para ver, da direita para a esquerda, o desenho para o Joker de Heath Ledger e um dos posters oficiais.

THE DARK KNIGHT terá como vilão principal o Joker, que terá aqui um tratamento mais próximo dos comics e mais afastado do "Whacky Jack" do Batman de Tim Burton. Aaron Eckhart tem o papel de Harvey Dent, papel esse que sofrerá uma transformação no terceiro acto do filme (os entendidos saberão qual).

Um ponto forte da campanha de promoção (por esta altura será mais uma campanha de ênfase, de maneira a que o público não se esqueça de BATMAN BEGINS) tem sido o do marketing viral, em particular o site www.whysoserious.com, que tem promovido promoção através não só de conteúdos online como mesmo de acções de rua. Mesmo a imprensa tem recebido atenções invulgares, como por exemplo aqui.

quinta-feira, novembro 29

Entrevista: Ricardo Clara

boomp3.com


O Quarto Escuro apresenta aqui a versão integral da entrevista a Ricardo Clara, cujo excerto integra a edição desta semana do webcast (click!). Ricardo Clara é o assessor de imprensa do Fantasporto e um dos redactores do blog de cinema Antestreia.

O filme em cartaz recomendado por Ricardo Clara está em projecção no Cinema Medeia de Nimas, em Lisboa.

quarta-feira, novembro 28

Indy '57
Primeiras fotos de publicidade oficiais

Houve muita paranóia e secretismo à volta da produção de INDIANA JONES AND THE KINGDOM OF THE CRYSTAL SKULL, houve até despedimentos e processos jurídicos à custa de fotos roubadas. Agora tudo isto até parece ter sido para nada, já que sem grande pompa ou gravidade as fotos oficiais começaram a ser distribuídas.

Nelas podemos ver como o veterano Ford consegue ainda assim parecer vital dentro do chapéu de feltro e com o chicote na mão. Mesmo Shia Labeouf consegue não ser demasiado irritante no seu guarda-roupa de greaser dos anos 50. Só se lamenta Ford aparentar estar demasiado sério nestes shots, nada do sorriso carola à la Han Solo.

A fé continua, a espera é dura. Cliquem nos thumbs abaixo para as imagens de alta resolução.

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Estreias 29 de Novembro
Terceira semana consecutiva de grandes estreias


Vincent Cassel e Viggo Mortensen em EASTERN PROMISES, de David Cronenberg

Estreias

HITMAN, de Xavier Gens
[Ver Trailer] [Site Oficial]
A adaptação da óptima mas inócua saga de videojogos, realizada por Xavier Gens e acompanhada de perto por Luc Besson. Timothy Olyphant com o papel de um assassino genéticamente desenhado que se vê apanhado numa cilada, levando-o a questionar-se quanto às suas origens e aos seus motivos.

EASTERN PROMISES, de David Cronenberg
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Um mestre regressa, desta vez com Londres e a máfia russa como móbil. Alguém que procura respostas vai ver-se em órbita espiral à volta de uma organização brutal e cerrada. Com Viggo Mortensen e Naomi Watts.

PARANOID PARK, de Gus Van Sant
[Site Oficial]
Outro grande nome traz-nos de nvoo um filme sobre adolescentes problemáticos.

ENCHANTED, de Kevin Lima
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Um conto de fadas que atravessa dimensões e chega ao mundo real vindo dos reinos do CGI. Disney fare for the season.


Já em exibição

HOT FUZZ, de Edgar Wright
[Ler crítica]
Pegg e Wright voltam em grande estilo. O digno sucessor de SHAUN OF THE DEAD.

CONTROL, de Anton Corbijn
[Ler crítica]
A visão do homem Ian Curtis em vez da figura Ian Curtis. Excelente fotografia (quem diria, com este realizador) e música (quem diria, com esta banda). A não perder.

AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott
[Ler crítica]
SCARFACE encontra THE UNTOUCHABLES, mas os dois acabam por fazer um filme que não surpreende. É mau contar com grande qualidade, não é?

ELIZABETH: THE GOLDEN AGE, de Shekhar Kapur
[Ler crítica]
Um filme fascinado mas pouco fascinante sobre o segundo terço do reinado da raínha Elizabeth I de Inglaterra. De Shekhar Kapur.

quinta-feira, novembro 22

Brincar no quintal
HOT FUZZ, de Edgar Wright



Edgar Wright e Simon Pegg voltam com um projecto colaborativo. Um realiza e co-escreve, o outro protagoniza e co-escreve. Foi assim na série de TV "Spaced", e foi assim em SHAUN OF THE DEAD.

Com HOT FUZZ, Wright traz-nos de novo um exercício de homenagem a géneros cinematográficos. Não estamos aqui a falar de paródia, apesar de HOT FUZZ ser também uma comédia. Edgar Wright tem aquele tipo de amor pelos arquétipos do cinema mainstream que se encontra por exemplo em Quentin Tarantino. Lamentavelmente, Wright ainda não está bem ao nível de Tarantino no que toca à alquimia de criar algo novo a partir de elementos velhos.

Diria até que o realizador britânico foi mais bem sucedido em criar o seu próprio filme em SHAUN OF THE DEAD do que com este mais recente trabalho. SHAUN homenageia com devoção os filmes de zobies, e traz-lhes a profundidade que raras vezes tiveram com o aspecto da comédia de relações.

HOT FUZZ está em desvantagem pois os seus afectos estão relacionados a dois géneros muito frios, os dos filmes de acção e dos filmes slasher. Edgar Wright parece ter um método de chef, e com a mistura de ingredientes que aqui usou pouco mais se poderia esperar do que um filme divertido e técnicamente muito competente.

Nada a dizer de Simon Pegg, que já se tinha revelado muito antes e que aqui confirma a sua capacidade de um dia entrar num British Hall of Comedic Fame. Nick Frost está à altura de Pegg, mas brilha pouco. Os actores secundários todos cumprem aquilo que lhes é pedido, mas será sempre digna de realçar a performance de Timothy Dalton: algo inedito nestes contextos, e absolutamente delicioso como um proto-vilão-Bond.

De resto, e apesar da relativa frieza de tom, o afecto do cineasta pelos géneros que aborda está presente. E, sem isso, seria apenas mais uma sátira.


Vão vê-lo com: pessoas que ainda vejam o The Office americano.

Como ver WATCHMEN
Snyder adapta extras do livro original



As últimas notícias da adaptação do seminal romance gráfico Watchmen de Alan moore confirmam o que o realizador já tinha prometido: ser o mais fiel possível ao material de fonte.

O livro continha, para além de quatro ou cinco páginas de texto corrido ao fim de cada capítulo, uma estória de piratas que se misturava entre os painéis da estória principal. Esta não tinha directamente nada a ver com a trama de Watchmen, apenas estabelecia certos paralelos. Já os textos ao fim de cada capítulo serviam para desenvolver o contexto da estória, sempre integrados no universo do livro.

Agora Zack Snyder conseguiu o dinheiro necessário para filmar tanto um elemento como o outro, sendo depois ambos usados como conteúdo promocional. A adaptação da estória de piratas será distribuída em DVD ao mesmo tempo da estreia de WATCMEN, a la Animatrix, e a adaptação da prosa será mais tarde um conteúdo extra no DVD do filme. Um caso louvável onde o comércio ajuda à expressão.

Este filme está com cada vez melhor aspecto. Cliquem aqui para uma foto do personagem Rorschach a andar numa recriação de uma rua de Nova Iorque. Excelente aspecto soundstage.

24 mil palavras por segundo
CONTROL, de Anton Corbijn



Antes de mais, CONTROL não é um filme sobre os Joy Division. Houve quem não esperasse isso, e a ausência do trabalho em grupo da banda pareceu incomodá-los. Mas é algo que devia ser claro desde o princípio, já que o filme se baseia nas memórias de Deborah Curtis ("Touching From a Distance"): o filme é sobre o homem Ian Curtis.

Ian Curtis não será um nome caseiro, mas é sem dúvida alguma um ídolo. Assim, tem bastante valor que Corbijn não tenha caído no fascínio e tenha procurado mostrar onde é que a escultura que foi a vida de Ian Curtis assenta, quais foram as bases. Ian Curtis é aqui retratado como alguém que apenas se sente deslocado, desajustado. Deborah Curtis é a vítima, aquela que adora o homem mas não fala a língua dele.

Corbijn, um fotógrafo ligado à indústria musical e com experiência na realização de videos musicais, tem aqui uma excelente estreia. Ultrapassadas as barreiras de linguagem, sop se pode esperar óptimo trabalho de um fotógrafo que trabalhe em realização (a presença deste valor acrescentado não parece tão imediata no caso de realizadores a fazerem fotografia). Os planos de CONTROL são claramente muito pensados, sem nunca o darem a entender, sem fazer da câmara uma personagem. A escolha do preto e branco assenta bem aos tumores industriais urbanos que servem de fundo ao filme, assim como à crueza dos sentimentos em exposição.

As prestações ao vivo dos Joy Division são sem dúvida um dos pontos mais fortes do filme. Sem terem caído no erro óbvio de utilizarem as versões de estúdio das canções, as actuações estão carregadas com o imediatismo e a genuinidade de um concerto ao vivo, sem nunca parecerem uma fraca imitação dos originais.

Antes de ver CONTROL estava preaparado para tecer comparações com os Joy Division do excelente 24 HOUR PARTY PEOPLE. Mas não há aqui espaço para estabelecer relações entre os dois filmes. Não porque sejam diferentes, mas porque ambos são completos em si, não necessitam de apoio ou referências.

Se forem fãs de Joy Division, não poderão evitar este filme. Se não forem, passarão a ser.

sábado, novembro 17

Mais uma grande semana de estreias
22 de Novembro


BEOWULF, de Robert Zemeckis

Estreias

HOT FUZZ, de Edgar Wright
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Depois de SHAUN OF THE DEAD, Edgar Wright e Simon Pegg regressam, desta vez usando-se do género whodunit/slasher, com pitadas de Michael Bay. Vivamente recomendado pel'O Quarto Escuro.

SHOOT'EM UP, de Michael Davis
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Com uma lógica Looney Tunes e uma estética DIE HARD, a primeira longa metragem de Michael Davis é mais um filme de hipper-realidade em acção. Mas pronto, tem a Boalucci e os bons moços Paul Giamatti e CLive Owen.

BEOWULF, de Robert Zemeckis
[Ver Trailer] [Site Oficial]
Um filme renderizado em 3D, com as interpretações dos actores humanos capturadas com o suporte de mocap - motion capture. Uma adaptação do poema épico anónimo.


Já em exibição

AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott
[Ler crítica]
SCARFACE encontra THE UNTOUCHABLES, mas os dois acabam por fazer um filme que não surpreende. É mau contar com grande qualidade, não é?

ELIZABETH: THE GOLDEN AGE, de Shekhar Kapur
[Ler crítica]
Um filme fascinado mas pouco fascinante sobre o segundo terço do reinado da raínha Elizabeth I de Inglaterra. De Shekhar Kapur.

RESCUE DAWN, de Werner Herzog
[Ler crítica]
Baseado no documentário de Herzog LITTLE DIETER NEEDS TO FLY, RESCUE DAWN é a história verídica do alemão Dieter Dangler, que após conseguir o seu desejo de voar ao se alistar com a força aérea americana, cai sobre o Laos durante a guerra do Vietname.

Teoria e Prática
AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott



À partida, quando um filme se proclama "baseado em factos verídicos", o espectador já sabe que a espinha dorsal de verdade com que pode contar é muito fina. Pessoalmente, não deixo que algo como adulteração de factos perturbe a apreciação de um filme pelo trabalho cinematográfico que é.

No entanto, AMERICAN GANGSTER toma demasiadas liberdades com o material de fonte. Frank Lucas foi um traficante de droga notável no Harlem da década de 70. Com origens muito (mas mesmo muito) humildes, numa zona rural dos Estados Unidos, Lucas recorria à criminalidade antes de sequer saber o que a palavra significava (também é certo que nunca passou uma semana na escola). Depois de chegar a Nova Iorque, conseguiu encontrar um caminho ao ser protegido pelo gangster Bumpy Johnson (um personagem já interpretado em dois filmes por Laurence Fishburne). A notoriedade de Frank Lucas deve-se ao seu esquema de importar heroína, na altura do conflito do Vietname, do Sudeste Asiático para os Estados Unidos, escondendo-a nos caixões de soldados americanos mortos. Algum tempo depois foi preso, e algum tempo depois ainda foi libertado antecipadamente, por colaboração com as autoridades.

Claramente Frank Lucas é um personagem desprezível. Sem as limitações de uma educação moral, sentiu-se livre de matar e violar todos os obstáculos que o separassem da riqueza. Mesmo quando colaborou com as autoridades, fê-lo apenas por salvaguarda pessoal, já que agora que está em liberdade se recusa a admitir ter entregue ex-associados à lei. A consciência não lhe pesa por ter facilitado o comércio de uma substância concentrada e perigosíssima, mas apenas por ter sido obrigado a engolir o orgulho e a trabalhar para a polícia.


Os verdadeiros Frank Lucas e Richie Roberts, consultores no filme


No entanto, o Frank Lucas interpretado por Denzel Washington é um verdadeiro samurai, um homem com princípios bem definidos, com uma meta clara, e com a disciplina para alcançar essa meta. O único erro de "Zen-del" é atribuído a outra pessoa: a esposa oferece-lhe um fato demasiado espampanante que atrai a atenção das autoridades. Mero detalhe que na vida real Frank Lucas tenha comprado o fato de chinchila por si mesmo, e que o seu modo de vestir não tenha sido tão austero como o filme nos faça crer.

O prestígio e a mestria de Ridley Scott, independentemente de escorregadelas isoladas, não serão nunca postas em causa. No entanto é notória a sua fraca capacidade de comunicar com actores. Quando a isto acresce o facto de Scott não ser nada experiente no que toca a personagens principais repreensíveis, talvez se possa adivinhar a origem de semelhante despropósito na caracterização de Frank Lucas.

Mas tudo isto é fácil de perdoar. É fácil de perdoar quando confrontados com o bom estudo de espaço de Ridley Scott. Fácil de perdoar com a reprodução de período impecável (não nos tenta assombrar, e nem nos permite duvidar). Até mesmo no último minuto é fácil de perdoar, naquele último plano em que Frank Lucas é confrontado com um mundo ao qual já não pertence, ao qual já não se ajusta.

AMERICAN GANGSTER é um bom filme. Não é excelente, nem mesmo quando não se tenta desembrulhar o pacote. Mas é um bom filme, e no final das contas, isso não é assim tão fácil de conseguir.

Para quem quiser arriscar que o filme perca um pouco de brilho, fica aqui o link para o artigo que lhe deu origem:
The Return of Superfly, de Mark Jacobson

sexta-feira, novembro 16

O Quarto Alarga-se
Webcasts semanais no JPR



A partir de agora, o Quarto Escuro vai ter um programa semanal na webradio experimental JornalismoPortoRádio, um projecto da Universidade do Porto.

Cliquem aqui para a edição mais recente, e aqui para o índice das edições.


A segunda edição já correu um pouco melhor, embora ainda tenha saído um bocado a martelo. Enviem os vossos comentários e sugestões para o espaço para o mail oquartoescuro@gmail.com

quarta-feira, novembro 14

Um cabaz repleto
Estreias 15 Novembro


AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott

Estreias

AMERICAN GANGSTER, de Ridley Scott
O excelente realizador traz-nos uma história de polícias e barões da droga, evitando os lugares-comuns. Com Denzel Washington e Russel Crowe. [Ver Trailer] [Site Oficial]

CONTROL, de Anton Corbijn
O biopic de Ian Curtis antecipado pelo Quarto Escuro está aí. Livremente adaptado das memórias de Deborah Curtis, a viúva do frontman dos Joy Division. [Ver Trailer] [Site Oficial]

ACROSS THE UNIVERSE, de Julie Taymor
Um musical com canções dos Beatles, passado nos anos 60. Com Jim Sturgess e Evan Rachel Wood. [Ver Trailer] [Site Oficial]


Já em exibição

WAR, de Phillip Atwell
Um filmezeco de acção que não satisfaz nem no mais básico. Com Jet Li e Jason Statham. [Ler crítica]

ELIZABETH: THE GOLDEN AGE
Um filme fascinado mas pouco fascinante sobre o segundo terço do reinado da raínha Elizabeth I de Inglaterra. De Shekhar Kapur.
[Ler crítica]

RESCUE DAWN, de Werner Herzog
Baseado no documentário de Herzog LITTLE DIETER NEEDS TO FLY, RESCUE DAWN é a história verídica do alemão Dieter Dangler, que após conseguir o seu desejo de voar ao se alistar com a força aérea americana, cai sobre o Laos durante a guerra do Vietname. [Ler crítica]

sábado, novembro 10

Colisão Rodoviária
WAR, de Phillip Atwell



Com o coreógrafo certo, um filme com Jet Li E com Jason Statham seria fácil de tornar em algo desfrutável. Mas Jet Li já tinha anunciado que não faria mais filmes de artes marciais, e Jason Statham parece andar à procura do seu próprio DANNY THE DOG. Assim, aquilo que seria um veículo para ambos aparenta ser um anti-veículo para Jet Li, que quererá que a sua carreira se extenda para além dos filmes de acção.

WAR não é o festival de dez bofetadas por segundo que se esperaria. É um filme de acção sem acrobacias, uma história de polícias e gangsters sem profundidade ou lógica. Será que Jason Statham tomou este papel apenas pelo cheque, ou será que também quer embarcar na luta contra o typecast antes que o seu estatuto de white ninja se cristalize definitivamente? É certo que os seus papéis nos filmes de Guy Ritchie permitiam ler uma promessa que pouco tinha a ver com saltar por cima de camiões em andamento.

De qualquer forma, má escolha para ambos. Jet Li ainda tem bastante credibilidade, mais do que aquela que seria necessária para o papel que aqui tem, o do mau que se calhar não é assim tão mau. Jason Statham seria bom para o papel do bom que é duro, e que se calhar é um pouco duro de mais para ser bom. Pena que o argumento tenha o dom de esbanjar esta premissa com truques de filme de adolescentes.

Quanto à realização, parece ter sido feita por alguém sem paciência ou concentração. Um sintoma que aliás invade toda a produção, desde a fotografia aos cenários. Tudo é feito com muita atenção ao artifício à frente dos nossos narizes, esquecendo-se sempre de detalhes na periferia. Parece um filme feito por milionários, numa garagem. Também teria sido boa ideia alguém aconselhar o realizador a controlar-se, já que era alguém com íntimos contactos com o mundo do hip-hop a retratar o glitz do crime organizado.

O filme vale pela nota bizarra nas carreiras dos protagonistas. Vale pelos hilariantes excessos de estilo. Mas vale sobretudo porque o nome do filme no genérico não é o que foi distribuído em portugal (o filme é conhecido por ROGUE ASSASSIN em muitos países europeus).


Vão vê-lo com: biógrafos de Statham e Li

terça-feira, novembro 6

Estreias 8 de Novembro


WAR, de Phillip Atwell

Estreias

30 DAYS OF NIGHT, de David Slade
Filme de terror baseado na minisérie de comics de Steve Niles. Uma marca de projectos de qualidade em comics é a de pegarem num género ou situação clássica, e acrescentar-lhe um twist que permite explorar avenidas diferentes. Em "30 DAYS" somos levado a uma pequena cidade no Alasca, que de repente se vê a mãos com um problema de vampiros. O twist: estamos no período durante o inverno durante o qual o sol não aparece por ali durante trinta dias. Assim, os humanos não podem contar com a próxima madrugada como salvação, e vão ter de resistir ou aniquilar as criaturas. Com Josh Hartnett e Danny Huston. [Ver Trailer] [Site Oficial]

WAR, de Phillip Atwell
Jet Li versus Jason Statham. Parece encomendado por fãs descarados, mas está mesmo aí. Pelo que diz a crítica americana, mais história do que pancada, o que neste caso surpreende e desilude. [Ver Trailer] [Site Oficial]


Já em exibição

ELIZABETH: THE GOLDEN AGE
Um filme fascinado mas pouco fascinante sobre o segundo terço do reinado da raínha Elizabeth I de Inglaterra. De Shekhar Kapur.
[Ler crítica]

RESCUE DAWN, de Werner Herzog
Baseado no documentário de Herzog LITTLE DIETER NEEDS TO FLY, RESCUE DAWN é a história verídica do alemão Dieter Dangler, que após conseguir o seu desejo de voar ao se alistar com a força aérea americana, cai sobre o Laos durante a guerra do Vietname. [Ler crítica]

KNOCKED UP, de Judd Apatow
Depois de 40 YEAR OLD VIRGIN e SUPERBAD, Judd Apatow traz-nos uma comédia romântica que não enoja mas que também não convence. [Ler crítica]

Primeiras novas da Greve
WGA retira exigência de residuais de DVD


Um grevista usa o seu iPhone para tirar uma foto aos colegas em piquete, frente aos estúdios da FOX

Já começam a vir os primeiros resultados da greve da WGA. Do lado das negociações, a guilda dos escritores cedeu a exigência do aumento dos ganhos residuais (uma espécie de royalties) na venda de DVDs, e centra-se agora nos residuais de conteúdos descarregáveis. Esta é uma retirada estratégica, já que abandonando uma das exigências basicamente forçam os estúdios a ceder a outra. Sendo que se prevê que conteúdos descarregáveis venham muito em breve substituir os DVDs nos Estados Unidos, é uma jogada a longo prazo, semi-arriscada.

Quanto às manifestações e piquetes frente a instalações dos estúdios, tem havido grande aderência (mesmo os números mais baixos reportam mais de 3000 escritores sitiados, só na cidade de Los Angeles), e várias manifestações de solidariedade de outros profissionais da indústria.

Ellen DeGeneres, Marg Helgenberger e Robert Patrick são alguns dos actores mais conhecidos a juntarem-se à manifestação no passeio, enquanto que os teamsters (condutores para os estúdios) apoiam os escritores ao se recusarem a "furar" piquetes com os seus transportes.

Steve Carell é um dos actores que nem sequer compareceu às filmagens que tinha previstas (nomeadamente, episódios do The Office americano) em manifesto de solidariedade com a greve. Jon Stewart, anfitrião do Daily Show, já prometeu cobrir os salários de dois meses dos escritores do programa. Por outro lado, há uma quantidade considerável de "civis" que comparecem aos piquetes, e manifestações sui generis como o do clube de fãs de Joss Whedon que entregou pizzas aos escritores nos vários pontos de piquete.

Para mais inform,ações, o blog Deadline Hollywood é actualizado com frequência sobre o estado das negociações.

Update: Um vídeo fornecido pela WGA explica as razões por que estão a fazer greve, em termos simples (apesar de já não estarem a reclamar o aumento dos residuais de DVD que aparecem no princípio do vídeo). Check it out:

domingo, novembro 4

Sozinha no topo
ELIZABETH: THE GOLDEN AGE, de Shekhar Kapur



Já sabíamos que Shekhar Kapur era fascinado com a personagem da raínha Elizabeth I de Inglaterra, e também já sabíamos que era fascinado com Cate Blanchett. Agora sabemos que se devia controlar.

THE GOLDEN AGE lida com o período de conflito entre Inglaterra e Espanha (que culminou na derrota da Armada Invencível) mas de uma forma muito superficial. A trama acaba por orbitar o triângulo amoroso de Elizabeth, de Sir Walter Raleigh, e da aia mais próxima de Elizabeth, uma outra Elizabeth que assim se vê obrigada a ser chamada de "Bess".

O que define este filme é o desprezo com que os personagens secundários são tratados pelo realizador. E aqui, todos são secundários menos o personagem de Cate Blanchett. Mesmo Clive Owen tem um papel com zero profundidade, sendo a audiência levada a inferir as qualidades deste através do fascínio que Elizabeth tem por ele. Do molho de figuras bidimensionais que servem de fundo a Cate Blanchett ainda se destaca de uma maneira residual Geoffrey Rush, com o papel de Walsingham, o velho conselheiro da raínha. Os sacrifícios que a sua personagem tem de fazer devido ao seu trabalho são meramente referenciados, mas Rush consegue a melhor transmissão possível deste conflito.

Já a própria Elizabeth tem uma caracterização óptima, mas não suficiente para carregar o filme aos ombros. Cate Blanchett terá melhor hipóteses para o merecido óscar com I'M NOT THERE.

ELIZABETH: THE GOLDEN AGE não é de todo uma perda de tempo. O aspecto do filme é trabalhado, e sem ser demasiado barrocos os cenários assim como o guarda-roupa servem a sua função. Não há propriamente um desenlace para o filme, apenas uma remoção cirúrgica gradual de todos os conflitos. Os espanhóis, a esses é dada uma valente lição: metam-se com alguém do vosso tamanho (tipo, os vizinhos a Oeste)

No fim, o filme valeu a pena também porque passou a primeira trailer completa para CONTROL, o biopic de Anton Corbijn sobre Ian Curtis. Arrepiou e aumentou consideravelmente o interesse.


Vão vê-lo com: o Nuno da Câmara Pereira

Afinal a greve vai seguir
WGA marca começo da greve para Segunda



Afinal vai haver mesmo greve em Hollywood, já que a Writers Guild of America e a Alliance of Motion Picture and Television Producers (Alliance! Guild! Porque é que estes sindicatos soam todos a World of Warcraft?) não conseguiram chegar a acordo sobre a participação nos lucros das vendas de DVD e exploração de conteúdos online.
Apesar de haver uma reunião de emergência entre a WGA e a AMPTP hoje (Domingo) de manhã, o mais provável é que os escritores entrem em greve na Segunda-feira.

A adesão será inevitavelmente total, já que qualquer escritor do sindicato que trabalhe durante a greve vai ver-se expulso da organização, e rapidamente abandonado pelos estúdios que nessa altura estarão interessados em manter a WGA contente. Esperam-se vários desenvolvimentos nas próximas semanas, em especial uma lista dos filmes em fase de escrita que conseguiram acabar os seus guiões antes desta Segunda.

Esta será também uma hipótese de destrinçar da indústria do cinema independente americana os "falsos independentes" - distribuidoras de filmes independentes afectas aos grandes estúdios. Uma produção verdadeiramente independente não estará abrangida pela WGA, e logo poderá segui o seu curso de produção normalmente.

Os poucos filmes que os grandes estúdios conseguirão fazer para o próximo verão não deverão conseguir competir com filmes de outros mercados como Canadá, Reino Unido, ou França, e terão pela primeira vez uma competição directa dos independentes.

Vai ser interessante.


Para já, dá para acompanhar a troca azeda de palavras entre os dois lados da luta:
Site da Writer's Guild of America
Site da Alliance of Motion Picture and Television Producers

quarta-feira, outubro 31

Estreias para 1 de Novembro


ELIZABETH: THE GOLDEN AGE, de Shekhar Kapur

Estreias

SICKO, de Michael Moore
Documentário sobre o estado do sistema de saúde americano. As primeiras impressões foram boas, prometem um Michael Moore mais maduro, apesar de poder contar com o histrionismo do costume. [Ver Trailer] [Site Oficial]

ELIZABETH: THE GOLDEN AGE, de Shekhar Kapur
A sequela do filme de 1998 sobre a mesma figura, neste capítulo a rainha Elizabeth I de Inglaterra terá de lidar com a ameaça espanhola, e com os conflitos internos. Clive Owen é o interese romântico. [Ver Trailer] [Site Oficial]

CORRUPÇÃO, de ninguém
A adaptação simbólica do livro "Eu, Carolina". Os produtores mandaram o realizador João Botelho dar uma volta na altura de montar o filme. Provavelmente, a evitar. [Ver Trailer] [Site Oficial]

Já em exibição

RESCUE DAWN, de Werner Herzog
Baseado no documentário de Herzog LITTLE DIETER NEEDS TO FLY, RESCUE DAWN é a história verídica do alemão Dieter Dangler, que após conseguir o seu desejo de voar ao se alistar com a força aérea americana, cai sobre o Laos durante a guerra do Vietname. [Ler crítica]

KNOCKED UP, de Judd Apatow
Depois de 40 YEAR OLD VIRGIN e SUPERBAD, Judd Apatow traz-nos uma comédia romântica que não enoja mas que também não convence. [Ler crítica]

THE BRAVE ONE, de Neil Jordan
Uma crítica à criminalidade, e uma perspectiva sobre as sequelas psicológicas de ser uma vítima dentro da cidade. Com Jodie Foster.

STARDUST
Um refrescante filme de fantasia dirigido a audiências mais jovens. Realizado por Matthew Vaughn e baseado no livro de Neil Gaiman.
[Ler crítica]